O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao comentar a Rodada Doha, em entrevista em Lisboa, contou que conversou nesta sexta-feira (25/07) por telefone com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que participa das negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra. O presidente disse ter ouvido de Amorim que está otimista e que "as coisas vão acontecer".
Vocês imaginem se um negociador pode sentar a uma mesa já derrotado! Tem que ir até o último segundo, tem que continuar lutando para que as coisas aconteçam. Se não acontecer (um acordo na OMC), valeu o sacrifício.
Ante essa resposta, um repórter perguntou ao presidente se estava dando como certo o fracasso das negociações da Rodada Doha. "Se eu disser que não pode acontecer (o acordo)", argumentou Lula, "sua manchete vai dizer - como as pessoas que fazem manchete nos jornais são muito inteligentes..., vai dizer: ;Presidente reconhece que pode não acontecer;. Para evitar essa manchete, eu digo, até o último milésimo de segundo: "Estarei acreditando que vai acontecer o acordo da Rodada Doha.
Stephanes
Ao responder a uma pergunta sobre a afirmação do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, de que a negociação na OMC "não serve para nada", Lula deu a entender que a considera apenas uma opinião pessoal. "A fala de Stephanes não tem nenhuma influência na Organização Mundial do Comércio", disse o presidente
Etanol
Lula respondeu também a uma pergunta sobre a oferta da União Européia, que se dispôs a comprar do Brasil 1,4 milhão de toneladas de etanol, até 2020, em troca de maior acesso ao mercado brasileiro de produtos industrializados. Um repórter quis saber se o presidente aceitaria que o etanol brasileiro fosse utilizado como moeda de troca no comércio com os europeus. Lula respondeu
"Vocês percebem, pela minha fisionomia, que continuo otimista em relação à Rodada Doha. Tenho clareza da dificuldade de uma negociação. Vocês, quando vão a um lugar comprar um automóvel usado, vocês percebem quanto perdem de tempo fazendo negociação. Transformem essa dificuldade que uma pessoa tem para comprar um carro usado numa negociação que envolve dezenas de países com interesses difusos. A única coisa de que tenho clareza é que a inteligência humana obrigará governantes do mundo inteiro a terem consciência de que é preciso um acordo na Rodada Doha para que possamos ajudar os países mais pobres, em primeiro lugar, e, depois, os emergentes a terem mais facilidade para colocarem seus produtos no mercado altamente desenvolvido, como os da Europa e Estados Unidos.