Jornal Correio Braziliense

Economia

Negociações da Rodada Doha passam por 'momento decisivo', diz OMC

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O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, afirmou nesta sexta-feira (25/07) que as negociações sobre a Rodada Doha para a liberalização comercial mundial passam por "um momento decisivo". Durante a reunião realizada pelo quinto dia consecutivo com representantes de cerca de 30 países da OMC para salvar a rodada, Lamy disse que as nações estão perto "do êxito ou do fracasso". Após reiterar que as negociações vão atravessar nas próximas horas "um momento decisivo", disse que há alguma "convergência", mas, acrescentou, estas são lentas. Nesta sexta-feira, o grupo-chave da OMC (Brasil, Austrália, China, EUA, Índia, Japão e a União Européia) voltará a se reunir, e do resultado dessas "consultas" poderia depender a continuidade e o êxito da reunião, segundo fontes ligadas à negociação. Entre os assuntos sobre os quais parece haver alguma aproximação estão aspectos relacionados ao acesso aos mercados agrícolas e à redução de tarifas, acrescentaram as fontes. Lamy pediu que os países mudem "radicalmente" sua postura ou a reunião fracassará e, em conseqüência, ficará estagnada a Rodada Doha, iniciada em 2001, a fim de aprofundar na liberalização comercial mundial. Hoje, todos os países que participam da reunião expressaram sua preocupação com a repercussão do que pode ocorrer nas próximas horas. Ontem o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que nesta sexta-feira se saberá se é possível ou não um acordo na Rodada Doha. "Prosseguiremos amanhã com as discussões e acho que amanhã, (...) então, saberemos se será ou não possível. Talvez não cheguemos a uma conclusão, mas devemos chegar a um acordo", declarou Amorim ao final do quarto dia rodada da reunião ministerial. O comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson, havia alertado ontem para "o risco de um fracasso" nas negociações. Os comissários, chefes negociadores da UE, insistiram que é necessário uma maior flexibilidade por parte de outros membros --as nações emergentes, liderados por Brasil e Índia- em bens industriais. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, afirmou por sua vez que não vai assinar o acordo relacionado à Rodada Doha do jeito que está. Ele pede maior abertura dos países emergentes para os mercados industriais. Na terça-feira (22), a representante americana do Comércio, Susan Schwab, apresentou a proposta de reduzir os subsídios agrícolas para US$ 15 bilhões. Amorim elogiou a iniciativa, mas disse que ainda é insuficiente.