A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em baixa no início da tarde desta quinta-feira (24/07), repercutindo o mau humor no mercado americano e a alta maior que a esperada para a taxa básica de juros local. A queda do petróleo ainda atinge os papéis da Petrobras, que recuam mais de 3% e afetam o desempenho local.
O Ibovespa, principal indicador da Bolsa paulista, aponta baixa de 1,77%, aos 58.371 pontos. O giro financeiro é de R$ 2,39 bilhões, com cerca de 90 mil negócios realizados. Já o dólar comercial opera no menor nível desde janeiro de 1999, vendido a R$ 1,577 - baixa de 0,44%.
EUA
O ritmo da Bovespa segue alinhado ao de Wall Street, que cai devido ao resultado abaixo do esperado para as vendas americanas de casas usadas. O índice Dow Jones recua 1,1%, e o Nasdaq Composite tem baixa de 0,94%.
As vendas de casas já existentes nos EUA registraram uma queda de 2,6% em junho na comparação com maio. A expectativa dos analistas era de que as vendas fossem cair 1%. Na comparação com junho de 2007, houve uma queda de 15,5% --à época, a taxa anualizada foi de 5,75 milhões de unidades. O preço médio de um imóvel residencial nos EUA em junho caiu 6,1% na comparação com junho de 2007, ficando em US$ 215.100.
Os resultados corporativos estão por trás desse mau humor. A Ford anunciou hoje que teve prejuízo de US$ 8,7 bilhões no segundo trimestre do ano. Até no resultado da montadora nota-se o estrago da atual crise creditícia americana, já que o braço financeiro dela apresentou perdas de US$ 2,1 bilhões.
O petróleo, por sua vez, serve como um atenuante para as quedas em Wall Street. Depois de iniciar o dia em alta, o barril de WTI para entrega em setembro negociado na Nymex (New York Mercantile Exchange) recua 0,43%, a US$ 123,90.
Com o recuo, os investidores deixam de alocar recursos no mercado futuro das commodities e voltam ao mercado acionário.
Mas o petróleo em baixa traz um efeito negativo para a Bovespa: forçam para baixo as ações da Petrobras, a mais negociada da Bolsa paulista. Os papéis preferenciais da petrolífera recuam 3,32%, e as ordinárias perdem 3,56%.
Copom
O mercado local ainda repercute a decisão unânime do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de aumentar em 0,75 ponto a taxa básica de juros, o que elevou a Selic de 12,25% para 13% ao ano. A decisão surpreendeu a maioria dos analistas do mercado financeiro, que esperavam um aumento de 0,5 ponto. Parte dos economistas, no entanto, já previa que o BC poderia acelerar o ritmo de alta dos juros para evitar uma disparada da inflação. Um aumento acima do esperado na taxa de juros faz com que os investidores migrem para a renda fixa - e, consequentemente, saia do mercado de ações.
O principal argumento do BC para a alta é evitar que a inflação do atacado chegue ao consumidor final. Segundo a segunda prévia de julho do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), divulgada na segunda-feira, o índice acumula alta de 8,53% no ano e, nos últimos 12 meses, já subiu 15,15%.