O Senado argentino derrubou na madrugada desta quinta-feira (17/07) a lei que aumentava a pressão fiscal sobre as exportações de grãos e manufaturas agroindustriais, que, no país, totalizam US$ 35 bilhões anuais. O projeto havia sido enviado pelo Governo e era motivo de um difícil conflito com os ruralistas.
Com essa medida, o governo esperava arrecadar apenas em direitos alfandegários 11 dos US$ 24 bilhões que gera a colheita de soja, o principal cultivo do país.
A iniciativa do governo peronista da presidente Cristina Kirchner foi derrubada pelo voto de minerva de um homem de suas fileiras, o vice-presidente da República Julio Cobos, que precisou desempatar uma acirrada votação.
"Não estou traindo a presidente. Que envie outro projeto. Quero que se alcance um consenso. A história me julgará", afirmou o vice, da social-democrata União Cívica Radical (UCR), aliado de Kirchner até esta quinta, quando causou ao governo esta dura derrota parlamentar.
A votação havia finalizado com um empate de 36 e a Constituição estabelece que o vice-presidente da República, titular do Senado, desempate a questão.
A iniciativa deve voltar agora aos Deputados, onde o governo carece dos dois terços necessários para insistir com o projeto aprovado há duas semanas.
A soja ocupa mais de 50% da superfície cultivada na Argentina e é considerada o 'ouro verde' do século XXI' no país, onde toda a oposição se uniu aos agricultores para realizar gigantescas manifestações.
O ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), líder do peronismo e marido da presidente, assegurou que o Governo respeitaria a decisão do Congresso, e reiterou que o objetivo oficial é impedir que 'na mesa dos argentinos haja preços internacionais dos alimentos'.