Jornal Correio Braziliense

Economia

Inflação está 'muito alta', afirma Fed

;

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, disse nesta quarta-feira (16/07) que a inflação nos EUA está "muito alta" e reafirmou que a meta do banco é garantir a estabilidade de preços. "É muito importante para nós mantermos a estabilidade dos preços", disse Bernanke, em resposta a uma questão do deputado republicano Ron Paul (que foi pré-candidato à Presidência dos EUA e é um freqüente crítico do Fed). Bernanke disse ainda que a alta dos preços das commodities se deve "a fatores fora do controle do Federal Reserve". Hoje o Departamento do Trabalho informou que os preços ao consumidor nos EUA subiram 1,1% em junho, maior avanço mensal desde setembro de 2005. O indicador foi puxado para cima pelos preços da energia, que subiram 6,6%, depois de uma alta de 4,4% em maio. Já os preços dos alimentos subiram 0,8%, depois de uma alta de 0,3% em maio. Nos 12 meses até o mês passado, a alta acumulada foi de 5% - maior avanço desde 1991. Já o núcleo do índice (que exclui os preços de energia), na mesma comparação, teve alta de 2,4%. O Índice de Preços no Atacado (PPI, na sigla em inglês), por sua vez, subiu 1,8%. No acumulado dos 12 meses, o índice teve alta de 9,2% (dado sem ajuste sazonal), maior avanço nessa comparação desde junho de 1981. O presidente do BC americano disse que os EA precisam de uma estratégia para seu suprimento de energia e que "teria sido melhor ter lidado com essa questão há algum tempo". Para Bernanke, uma estratégia sobre energia poderia ter um efeito benéfico sobre os preços no curto prazo se menos preocupações sobre oferta e demanda se refletissem sobre as cotações. Dólar Bernanke disse ainda que uma intervenção no câmbio tem de ser feita apenas raramente e que espera que o dólar reflita um desempenho melhor da economia dos EUA no médio prazo. Uma ação temporária sobre o câmbio seria justificável apenas se algo extraordinário acontecesse no mercado, acrescentou. Ele afirmou ao Comitê de Serviços Financeiros da Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados) que se os legisladores trabalharem de modo efetivo para fortalecer o crescimento do país, a moeda americana irá se recuperar. "Nossa principal abordagem para termos um dólar forte é termos uma economia forte", disse. No mês passado, o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, não descartou que o governo possa intervir no câmbio para interromper a queda do dólar. Ele disse, no entanto, que os fundamentos sólidos de longo prazo da economia americana irão fazer com que o dólar recupere seu valor. "Eu nunca retiraria da mesa uma intervenção (no câmbio) nem qualquer outra ferramenta de política (econômica)", disse. O dólar vem perdendo terreno diante de outras moedas devido aos cortes de juros feitos pelo Federal Reserve (Fed, o BC americano) entre setembro do ano passado e abril deste ano --a taxa recuou de 5,25% para os atuais 2%. Os juros caíram como parte da ação do Fed para estimular o crédito e impulsionar a economia americana. O Banco Central Europeu (BCE) fixou hoje o câmbio oficial do euro em US$ 1,5888. Ontem, a moeda européia bateu um novo recorde de valorização diante do dólar, chegando a ser negociado a US$ 1,6038. O recorde anterior do euro era de US$ 1,6019, alcançado no dia 22 de abril.