A fabricante de aviões canadense Bombardier lançou nesta terça-feira (15/07), na Feira Aeronáutica de Farnborough, mais um elemento para acirrar a disputa com a Embraer por fatias do mercado aeronáutico mundial, escolhendo uma cidade mexicana para receber a fábrica de montagem elétrica da nova aeronave CSeries.
O presidente e executivo-chefe da Bombardier, Pierre Beaudoin, confirmou que a fábrica da empresa em Querétaro (ao noroeste da Cidade do México) se ocupará da montagem elétrica do CSeries. "Por enquanto, Querétaro se encarregará do arnês elétrico do CSeries", afirmou Beaudoin.
O grupo canadense surpreendeu o setor no domingo ao anunciar um programa para construir o novo avião, de curto percurso e com capacidade para 130 passageiros.
Concorrentes
Segundo os analistas, a Bombardier pretende desafiar, com essa aeronave - que só será concluída em 2013 -, os aviões menores da européia Airbus e da americana Boeing, assim como alguns modelos da Embraer.
A companhia canadense já informou, em maio, que investiu US$ 250 milhões em uma segunda fábrica aeroespacial em Querétaro para a produção da estrutura do Learjet 85, uma aeronave de nova geração que entrará em funcionamento em 2012.
Em referência a esse investimento, Beaudoin destacou que "é um grande programa para essa fábrica", pois "a estrutura (do Learjet 85) é toda de composite (resinas compostas), pelo que fornece ao México a tecnologia mais moderna para a fabricação de aeronaves".
O projeto "será um grande desafio para essa fábrica, mas acreditamos no talento de nosso elenco", ressaltou o presidente da Bombardier, ao acrescentar que a experiência da companhia no México "foi muito boa até o momento" Atualmente, a Bombardier tem em Querétaro um complexo que fabrica estruturas como fuselagens, caudas e outras partes de aviões.
A consolidação da indústria aeroespacial do México ganhou protagonismo na feira internacional. O país se tornou uma vitrine tão prestigiosa quanto o segundo dia do evento, realizado no aeroporto, que fica cerca de 50 quilômetros ao sul de Londres.
Produção
O México foi bastante elogiado pela Bombardier, e também deu o que falar em um seminário sobre a oportunidades de negócio para a indústria aeronáutica na nação, organizado em Farnborough.
Um dos participantes dessa conferência foi Carlos J. Bello Roch, diretor-geral da Federação Mexicana da Indústria Aeroespacial (Femia), afirmando que o setor passa por um "momento muito bom" no México.
"De 2002 até agora, viemos crescendo cerca de 30% ao ano", explicou Roch, ao especificar que, em 2007, as exportações da indústria aeroespacial foram de US$ 2,655 bilhões.
"Em 2008, estamos esperando cerca de US$ 3,4 bilhões de exportação, o que demonstra que cresceremos 28% este ano", afirmou.
Além disso, Roch revelou que o setor se beneficiará em breve de "três investimentos grandes, dois europeus e um americano", mas não quis dar nomes por respeito "à confidencialidade das empresas".
Atualmente, a indústria aeroespacial do México conta com mais de 180 empresas -a maior parte localizada em Sonora, Baja Califórnia, Nuevo León e Querétaro- que empregam mais de 20 mil trabalhadores.
A feira aeronáutica, um evento bienal que está na 46ª edição, começou na segunda-feira marcada pela rivalidade entre a Boeing e a Airbus, assim como pela pressão que o setor sofre como conseqüência da escalada dos preços do petróleo.