Empurrada pelo otimismo nos Estados Unidos, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) conseguiu se recuperar das perdas observadas desde o início do pregão e opera em alta. O dólar, por sua vez, fechou em baixa.
Às 16h10, o Ibovespa, principal indicador da Bolsa paulista, operava em alta de 1,2%, aos 61.448 pontos. O giro financeiro é de R$ 5,04 bilhões, com cerca de 233 mil negócios realizados.
O dólar comercial fechou em baixa de 0,37%, vendido a R$ 1,587. Nas casas de câmbio paulistas, o dólar turismo recuou 0,58%, para R$ 1,70. A moeda americana estava em alta até próximo do fechamento, mas virou de sinal também devido otimismo nos Estados Unidos.
Depois de abrir pessimista, as Bolsas americanas passaram a operar em alta, o que foi determinante para que o mesmo ocorresse na Bovespa. O índice Dow Jones aponta alta de 0,39%, enquanto que o Nasdaq Composite ganha 1,37%.
O principal motivo para o otimismo no início da tarde é o preço do petróleo. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril de petróleo WTI para entrega em agosto fechou negociado a US$ 138,74, com forte baixa de 4,44%.
Com a queda do petróleo, espera-se uma redução da pressão dos combustíveis sobre a inflação e um desempenho melhor de setores que tem neste custo um fator conjuntural importante, como o automotivo, de transportes e companhias aéreas.
No PPI (índice de preços no atacado, na sigla em inglês) dos EUA, por exemplo, essa situação é bem visível. A alta de 6% nos preços da energia em junho (que inclui combustíveis) foi determinante para que o indicador subisse 1,8%.
O "porém" da queda no preço do petróleo é que as ações das petrolíferas acabam recuando nesta situação. É o caso da Petrobras. Os papéis preferenciais da estatal recuam 0,07%, enquanto que as ordinárias perdem 0,76%.
O destaque entre as ações listadas no Ibovespa é o desempenho da Cyrela. Os papéis ordinários da construtora sobem 8,22%.
Subprime
Apesar da ajuda do petróleo, o mercado americano ainda sofre com os desdobramentos da crise do crédito imobiliário de alto risco ("subprime") - responsável pela queda em Wall Street nas primeiras horas de negociação. Os comentários do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), Ben Bernanke, foram recebidos com pessimismo pelos investidores.
Ele disse que a economia americana passa por "inúmeras dificuldades", entre elas a piora no mercado de trabalho (a taxa de desemprego no país está em 5,5% e em junho foram fechados 62 mil postos de trabalho), a queda de preços dos imóveis e a situação do sistema financeiro. Um sinal desse enfraquecimento foi dado pelos dados do setor varejista. Elas cresceram 0,1% em junho na comparação com maio, informou o Departamento de Comércio americano. Apesar da alta, o dado foi considerado ruim pelos analistas. Eles esperavam uma alta de 0,4%.
Alguns dos principais bancos americanos indicam fortes perdas - incluindo as gigantes hipotecárias Freddie Mac e Fannie Mae, atuais protagonistas da crise devido à suposta falta de liquidez de ambas. Suas ações caem respectivamente 18,3% e 18,6%. Outras instituições financeiras, como o Citigroup, o Bank of America e o Wachovia, também apresentam perdas hoje.