Um acordo para a liberalização mundial do comércio injetaria entre US$ 50 bilhões e US$ 100 bilhões anuais na economia global, calculou nesta terça-feira (15/07) o diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascoal Lamy, às vésperas de uma reunião crucial entre os negociadores da Rodada de Doha.
O responsável se baseou em vários estudos para estimar o impacto do fim das barreiras alfandegárias nos intercâmbios de mercadorias agrícolas e industriais, chegando a um mínimo de US$ 50 bilhões anuais sobre a base dos fluxos comerciais atuais. Partindo do crescimento mundial dos últimos anos, o benefício anual aumentaria para US$ 100 bilhões dentro de 10 anos, explicou Lamy ao apresentar um relatório anual da OMC.
Dois terços destes ganhos beneficiariam os países desenvolvidos e um terço, os emergentes, destacou. Estes dados não levam em conta o impacto dos demais capítulos abordados nas negociações entre os 152 membros da OMC, como a redução dos subsídios agrícolas ou os serviços.
Lamy convocou os ministros de cerca de 30 potências mundiais para encontrar, a partir da próxima segunda-feira em Genebra, um consenso sobre a agricultura e os produtos industriais, os dois temas espinhosos da Rodada de Doha, lançada no fim de 2001. A esperança do responsável é selar um acordo no final deste ano.
Estas negociações, que deveriam ter sido concluídas no fim de 2004, foram prorrogadas devido às divergências entre o Norte e o Sul em torno da agricultura. "O fracasso das negociações seria um sinal preocupante", advertiu Lamy, referindo-se às nuvens negras que se acumulam no horizonte econômico. "Convido todas as partes envolvidas a provocar este impulso vital que permitirá propulsar as negociações para sua feliz conclusão", afirmou o diretor geral da OMC.