O diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Pascal Lamy, fez nesta terça-feira (15/07) um convite aos 153 países que formam a entidade para unirem esforços que permitam o avanço das estagnadas negociações da Rodada Doha --negociação para derrubar barreiras comercias entre os países. "Faço um apelo a todos os interessados na Rodada Doha para que unam esforços e dêem um empurrão final e vital para que as negociações cheguem a bom termo", declarou Lamy na apresentação do Relatório sobre Comércio Mundial para 2008.
O diretor-geral da entidade se referiu especificamente à reunião ministerial que foi convocada para Genebra a partir do próximo dia 21, e na qual se deseja que os Estados-membros estabeleçam as modalidades de redução de subsídios e tarifas no auge da Rodada Doha, que é negociada há sete anos.
Lamy disse que o avanço seria essencial entre outras coisas, pois ajudaria a "descarregar as nuvens negras do horizonte econômico." "Caso avancemos e consigamos concluir a rodada, certamente nem todas as nuvens serão descarregadas, mas se não concluirmos acrescentaremos uma nuvem a mais a este céu encoberto", acrescentou.
Sobre o escuro horizonte econômico, Lamy disse se tratar de uma situação mais complicada que em anteriores, pois muitos fatores negativos estão envolvidos ao mesmo tempo. Além disso, ele lembrou que os pobres são os primeiros a sofrerem com eles. Destaca-se no relatório a inter-relação da economia global e do comércio.
"Como o comércio mundial depende em boa medida da evolução da atividade econômica, uma desaceleração do crescimento econômico mundial maior do que a prevista poderia resultar em uma redução muito mais acentuada do crescimento do comércio para um número muito inferior do que os 4,5% indicados anteriormente." No entanto, durante a apresentação do documento, o economista Michael Finger, perguntado sobre a previsão de crescimento do comércio, disse que mesmo ainda não tendo sido completada a análise da evolução e embora esteja sendo percebida uma desaceleração, "ainda é mantido o número de 4,5% de crescimento para 2008." O relatório elogia os valores e os benefícios do livre-comércio, e reconhece que "o ceticismo sobre o comércio é cada vez maior em determinados âmbitos", por isto é feita uma detalhada explicação de tudo o que um país deseja comercializar com o exterior em um mundo globalizado.
Lamy também enfatizou os benefícios do livre-comércio, apesar de assumir que estes não chegam a todos, e assegurou que o lançamento do relatório "não poderia chegar em melhor momento, já que as negociações de Doha estão em uma fase decisiva." Consultado sobre as possibilidades de concluir com sucesso as modalidades em julho, que ele cifrou em 50% há duas semanas, assegurou que elas "aumentaram", embora reconhecesse que, como se trata de uma situação em transformação, "não seria sensato dar porcentagens neste momento." Mesmo que fosse possível combinar as modalidades de agricultura em agricultura e produtos industriais em julho, ainda restaria uma série de temas a serem resolvidos antes de a Rodada Doha poder terminar.