Jornal Correio Braziliense

Economia

Bolsas européias caem com temor sobre setor financeiro

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Londres - Os principais mercados da Europa operam em forte queda nesta terça-feira (15/07), refletindo as contínuas preocupações dos investidores com o setor financeiro, à luz da recente falência da IndyMac Bancorp e do plano de ajuda do governo dos Estados Unidos para as gigantes hipotecárias Freddie Mac e Fannie Mae. Desta vez, o destaque na Europa é o banco de investimentos francês Natixis, que teve seu preço-alvo reduzido pelo Citigroup, que questiona se a instituição francesa poderá ser a próxima a ter de levantar capital, diante da perda de valor de seu portfólio relacionado ao mercado de hipotecas de segunda linha (subprime). A pesquisa de sentimento econômico ZEW, da Alemanha, também abateu o humor dos investidores, ao pintar um cenário pessimista para a maior economia européias. O índice ZEW despencou a -63,9 em julho, de -56,0, atingindo nível recorde de baixa. Segundo analistas, dados recentes apontam enfraquecimento da economia alemã, que era a que vinha procurando se manter em crescimento na zona do euro (15 países europeus que compartilham a moeda). Além disso, a taxa de inflação do Reino Unido atingiu nível recorde em junho, conforme levantamento do Escritório Nacional de Estatísticas divulgado hoje. O índice de preços ao consumidor britânico subiu 0,7% em junho ante maio e 3,8% em comparação a junho do ano passado, a maior taxa anual desde que os números começaram a ser compilados, em janeiro de 1997, e o segundo mês consecutivo em que a inflação ficou mais de um ponto porcentual acima da meta do Banco Central da Ingleterra (BoE, o BC inglês) de 2%. Às 8h46 (de Brasília), a Bolsa de Frankfurt liderava a queda na Europa, com recuo de 2,40%, seguida por Londres (2,27%) e Paris (1,85%). No mesmo horário, as ações do Natixis perdiam 11,09%, influenciando também o baixo desempenho dos papéis do BNP Paribas (-5,28%). As ações do Dexia caíam 9,41%, com a instituição sob pressão por conta de sua exposição aos problemas de crédito nos EUA por meio de sua unidade seguradora de bônus Financial Security Assurance. A instituição estendeu recentemente uma linha de crédito de US$ 5 bilhões para a unidade, para amenizar as preocupações do mercado. Outro banco bastante atingido nesta manhã é o RBS ( -7,78%), na esteira da queda do setor, que completou recentemente um aumento de capital de 12 bilhões de libras. O RBS viu seu capital diminuir por sua participação no acordo de três partes com o Santander e o Fortis para comprar o ABN Amro, por um total de 71 bilhões de euros no ano passado. As ações do Fortis, por sua vez, caíam 15,08%, eliminando os ganhos registrados ontem com o anúncio de que o presidente-executivo Jean-Paul Votron havia renunciado, em meio à pressão dos acionistas sobre seu recém-anunciado plano para aumentar a posição de capital da instituição em 8,3 bilhões de euros. Fora do setor financeiro, as ações da Parmalat perdiam 4,35%, após o grupo ter emitido um alerta ontem à noite, afirmando que espera que seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização diminua em cerca de 5% para 350 milhões de euros (US$ 557 milhões) em 2008. As informações são da Dow Jones.