A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) conseguiu se descolar do desempenho das Bolsas americanas e fechou em alta nesta segunda-feira (14/07). O desempenho firme das ações mais negociadas, chamadas de "blue chips", garantiram o dia positivo.
O Ibovespa, principal indicador da Bolsa paulista, apontou alta de 0,95%, aos 60.720 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,31 bilhões (abaixo da média diária de 2008, de R$ 6 bilhões), com cerca de 190 mil negócios realizados. Já o dólar comercial fechou vendido a R$ 1,593, com baixa de 0,49%.
Boa parte da alta no Brasil foi ancorada na alta das ações da Vale, da Petrobras e das principais siderúrgicas, como Usiminas, CSN e Gerdau. Entre elas, o maior ganho ficou para as ações preferenciais da Vale (2,21%).
Outro destaque foi o desempenho das ações da petrolífera OGX. Os papéis ordinários da empresa sobem 13,93%, rebatendo as perdas de sexta-feira causados pela repercussão da Operação Toque de Midas, da Polícia Federal. A operação tinha como alvo a mineradora MMX, que pertence ao grupo EBX, que também controla a petrolífera. Se a OGX se desvinculou do problema, o mesmo não ocorreu com a mineradora, que apontou perda de 5,09% hoje.
Entre as ações listadas no Ibovespa, a maior alta é a preferencial da Ambev (4,87%) - a última beneficiada pela compra da Anheuser-Busch pela controladora da empresa, a InBev.
"Tivemos uma abertura que evitou que sofressemos com o mau desempenho nos Estados Unidos. Da mesma forma que as vezes uma abertura ruim nos atrapalha, pode ocorrer de uma boa abertura servir de proteção. Foi o que ocorreu hoje", disse Jason Vieira, economista-chefe da UpTrend Consultoria.
De fato, a Bovespa abriu com ganhos porque o mesmo ocorria em Wall Street. O dia começou positivo em Nova York devido ao anúncio de que o Fed (Federal Reserve, banco central americano) e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos tomarão medidas para ajudar as firmas hipotecárias americanas Fannie Mae e Freddie Mac, ao assegurarem que concederão fundos e créditos se necessário.
A falta de liquidez das duas gigantes do setor hipotecário vinha sendo o principal motivo de temor dos investidores quanto à saúde do setor financeiro americano, debilitado pela crise do crédito "subprime".
Porém, o humor mudou ao longo do dia devido às preocupações com os desempenhos corporativos do último trimestre e com o desdobramento da crise do "subprime". O índice Dow Jones fechou com baixa de 0,41%, enquanto que o Nasdaq Composite recuou 1,17%.
"A notícia (da ajuda às gigantes hipotecárias) animou, mas depois caiu a realidade. Não adianta ficar eufórico agora para depois os bancos apresentarem resultados ruins", disse Vieira.
Além do resultado dos bancos, o mercado ainda está preocupado com o desempenho trimestral de grandes empresas que saem nesta semana. Entre elas estão Intel, Microsoft, Coca-Cola, Google e Citigroup.
"Vamos ficar até o final do mês pautado por esses resultados", disse Vieira. "Teremos mais emoções."