Jornal Correio Braziliense

Economia

Petróleo fecha acima dos US$ 145 com aumento das tensões no Irã e Nigéria

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O preço do petróleo fechou nesta sexta-feira (11/07) com forte alta em Nova York, tendo no início da sessão batido o recorde histórico de preços ao passar dos US$ 147. A tensão crescente no Oriente Médio - com os testes do Irã com mísseis -, na África - com o risco de novos conflitos na Nigéria-- e a possibilidade de uma greve da Petrobras na próxima semana afetou a confiança dos investidores na capacidade do mercado de lidar com os temores de escassez do produto frente à expansão da demanda. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril de petróleo leve WTI para entrega em agosto avançou 2,42%, para US$ 145,08. Irã e Nigéria As tensões no Irã e na Nigéria reverteram a tendência de redução no preço da commodity, que vinha sendo registrada nesta semana. A imprensa estatal iraniana informou ontem que o país realizou durante a madrugada mais testes com mísseis de médio e longo alcance, em uma segunda rodada de exercícios militares. Na quarta-feira (9/07), a Guarda Revolucionária iraniana já havia anunciado a realização "com sucesso" de testes com nove mísseis no golfo Pérsico. Logo após as primeiras informações dos testes ontem, os EUA afirmaram que o Irã devia suspender o desenvolvimento de mísseis balísticos e a realização de testes se pretende ganhar a confiança do mundo. O ministro da Defesa de Israel, Ehud Barak, disse que o país está pronto para atacar as instalações nucleares iranianas, dizendo que Israel "mostrou no passado que não hesitará em agir para proteger seus interesses vitais de segurança forem ameaçados." Ontem o Movimento para a Emancipação do Delta do Níger (Mend, na sigla em inglês) disse que vai abandonar no sábado o cessar-fogo adotado há duas semanas. O grupo informou que voltará a atacar a área do rio Níger, onde se concentra a produção petrolífera do país, depois que o governo britânico anunciou recentemente que pretende apoiar o governo nigeriano para enfrentar os conflitos na região. O grupo está por trás dos ataques realizados contra as instalações das empresas petrolíferas que atuam no país, o que vem afetando a produção. 'Petróleo suficiente' Um relatório divulgado nesta quinta-feira pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) afirma que existe petróleo suficiente para suprir o mercado mundial e que a demanda não é o principal fator na alta do preço da commodity. A Opep também apontou ontem em um relatório que a baixa cotação internacional do dólar e problemas no intercâmbio de commodities como os principais responsáveis pelo fenômeno. A organização também prevê que a demanda por energia deve crescer mais de 50% entre 2006 e 2030. Até lá, o petróleo deve continuar respondendo por mais de 85% da matriz energética. Os preços ainda refletem a queda de 5,9 milhões de barris nas reservas de petróleo dos Estados Unidos na semana passada. Os analistas do setor petrolífero esperavam uma queda menor, de 2,1 milhões de barris. Na semana anterior, as reservas de petróleo já tinham caído em 2 milhões de barris. Sobre a greve na Petrobras, o MPT (Ministério Público do Trabalho) convocou representantes da empresa e do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense para definição de efetivo mínimo para a manutenção da produção na próxima semana. Os petroleiros prometem parar parte da produção de 41 plataformas da Petrobras durante cinco dias, a partir da próxima segunda-feira (14). O diário financeiro especializado em economia e finanças "Financial Times" ("FT") informou em um artigo publicado na edição desta sexta-feira que a ameaça de greve na Petrobras pode provocar uma elevação maior dos preços do petróleo bruto. O jornal diz que os preços do petróleo subiram na quinta-feira quando trabalhadores da maior empresa petrolífera do Brasil ameaçaram cruzar os braços na semana que vem. Porém, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, negou hoje que uma eventual greve na empresa vá afetar a produção e atingir o preço da commodity como se imagina.