Apesar de a Telefônica ter informado que toda a sua rede foi restabelecida na noite de quinta-feira (3/07), provedores que utilizam o sistema da empresa ainda reclamam da qualidade da conexão, principalmente fora da capital de São Paulo. Filiados à Associação Brasileira de Provedores de Internet (Abranet) relataram à instituição que o problema persiste.
Por e-mail, usuários de internet informam à reportagem que continuam com problemas de conexão. "Estou sem Speedy novamente, aqui no bairro de Vila Buarque, São Paulo. Já se vão duas horas de instabilidade no início, para total inexistência de internet Speedy agora", informou o internauta Pascoal Roberto Peduto. "Em Americana (SP), o sinal caiu novamente, aqui na empresa estamos sem Speedy", diz Renan Blanco.
A Telefônica nega que o problema ainda persista e afirma que seus serviços de acesso à internet foram completamente normalizados por volta das 23h de ontem, em todo o Estado de São Paulo. Para a empresa, esses problemas de acesso são pontuais - considerados normais no Speedy-- e não têm relação com a pane apresentada entre quarta-feira (2) e ontem.
Em nota, a operadora reconhece que pode ainda haver "casos residuais" em algumas delegacias e casas lotéricas, mas não cita clientes residenciais.
A recomendação é que os internautas que tiverem problemas de acesso hoje comuniquem normalmente a empresa pelo telefone 103-15, ou a falha não será resolvida.
Embora a empresa tenha informado que o problema atinge, principalmente, clientes corporativos, há queixas de clientes individuais sem a conexão ou com serviço precário. Especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que o problema atingiu usuários como um todo.
De acordo com a operadora, a pane teve origem em equipamentos responsáveis pelo roteamento (distribuição de dados) de sua rede. A companhia diz que ´continua trabalhando´ para ´obter informações mais precisas´ sobre o problema.
"Instável"
Hoje, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, admitiu que o sistema de transmissão de dados e banda larga é "vulnerável" --ele se referia à pane na rede Telefônica. O ministro lamentou o ocorrido e afirmou que é necessário haver uma espécie de plano "C", uma vez que o "B" falhou, para ser colocado em prática.
Segundo o Marcelo Zuffo, professor da Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), a pane mostra que a empresa não tinha um plano de contingência, para combater rapidamente um problema como esse. "Nesse tipo de sistema [roteamento], é preciso cogitar até um míssil, são sistemas hiperseguros", diz. Ele não descarta que o problema possa ter sido provocado em um ataque --a Telefônica não se pronunciou sobre o assunto.
Questionado se a Telefônica não deveria ter um plano B, para compensar os problemas de sua rede principal, Ronaldo Sardenberg, presidente da Anatel, afirmou que "eles seguramente têm". "Até considerando o vulto de investimentos que fizeram, seria estranho se não tivessem. Agora, o plano B, pelo jeito, falhou", disse.
Processo
Os clientes da Telefônica que sofreram prejuízos em razão da pane de internet apresentada no Estado de São Paulo podem pedir indenização na Justiça. O Procon notificou a empresa e pediu esclarecimentos sobre o fato, incluindo os motivos do problema, a solução encontrada e o ressarcimento dos internautas que ficaram sem o serviço.
O Procon afirma que a empresa deve fazer um abatimento nos valores cobrados dos clientes, em quantia proporcional ao período em que o serviço ficar indisponível.
A instituição informou ainda que os clientes que tiveram prejuízos financeiros ou danos em função da ausência da internet devem recorrer à Justiça contra a Telefônica e pedir indenização.