A BM Bovespa, resultado da fusão da Bolsa de Mercadorias e Futuros e da Bovespa Holding, deverá obter registro junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) até o final de agosto. Essa é a expectativa do presidente do conselho de administração da nova companhia, Gilberto Mifano, que avalia que, a despeito da crise mundial da economia, os investimentos no mercado financeiro brasileiro continuarão em um patamar alto, ainda que em menor volume do que o constatado no ano passado.
Mifano disse que o cenário para 2008 é positivo, mesmo admitindo a retração no número de empresas que abriram capital na Bovespa este ano. Segundo ele, 35 empresas fizeram registro para abrirem capital, mas 31 voltaram atrás. Até aqui, apenas quatro companhias fizeram tal procedimento, número bem abaixo em relação a 2007, quando houve 64 aberturas de capital.
"O Brasil é um país diferenciado. Se o país tiver produto bom, o investidor estrangeiro ainda tem muito dinheiro, tem muita liquidez no mundo. Se a gente tiver coisa a oferecer, que significa não só qualidade como tamanho. O investidor estrangeiro tem medo de investir em empresas pequenas que não vão ter muita liquidez no dia seguinte. Se ele precisar sair, na hora de sair o preço sofre muito. O Brasil ainda é um dos poucos países do mundo que pode atrair ainda muito investidor financeiro", afirmou, após participar de palestra promovida pela Câmara de Comércio França-Brasil.
Do ponto de vista do investidor de uma das companhias, a fusão permitirá que as ações tenham mais liquidez, ressaltou Mifano. Ele disse ainda que, do ponto de vista do preço, pode haver algum avanço, mas que esse não é o ponto principal, em relação às ações da nova companhia.
Mifano minimizou a fuga de volume estrangeiro na Bolsa no mês de junho. Para ele, o Brasil é um mercado cada vez mais líquido, e fica mais fácil para o investidor tirar dinheiro daqui para "tapar buracos" em outros lugares.
"Daqui a pouco eles voltam [em referência ao capital estrangeiro]. Foi o maior volume de saída de recursos estrangeiros num mês só. Mas é muito pequeno perto do que eles têm no mundo. É um fluxo normal. Isso nem abalou a taxa do dólar. É tudo dentro da normalidade", destacou.
O executivo confirmou que a redução de custos da nova empresa implicará no corte de pessoal, que tem peso de 30% no total da Bolsa. Em três anos, 25% dos 1.400 funcionários que as duas companhias mantém serão despedidos. O corte já começou ontem, com a redução do Conselho de Administração da BM Bovespa, de 18 para 11 integrantes.
"Um conselho mais reduzido está dentro das boas práticas de governança. Ter mais gente para decidir pode alongar decisões. A boa prática determina que um conselho tenha um mínimo de sete e o máximo de 11 integrantes", comentou.