A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve mais um dia turbulento nesta terça-feira (1°/07), fechando com forte perda. Com a queda de hoje, a bolsa ainda passou a ter rendimento negativo no acumulado do ano.
O Ibovespa, principal indicador da Bolsa paulista, recuou 2,49%, aos 63.396 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,49 bilhões, com cerca de 256 mil negócios realizados. Apesar da melhora na últimas horas de negociação (chegou a marcar queda de 3,21%), o Ibovespa agora marca rendimento negativo ao longo do ano, recuando 0,77% sobre os 63.886 pontos do fechamento em 28 de dezembro de 2007, último dia útil do ano passado.
Já o dólar comercial indicou leve alta hoje. A moeda americana avançou 0,5%, a R$ 1,605 para a venda.
A queda ocorreu mesmo com a recuperação vista nas Bolsas americanas ao final dos pregões em Wall Street, após passar quase todo o dia no negativo por causa dos preços do petróleo. O índice Dow Jones subiu 0,28%, o S 500 ganhou 0,38% e o Nasdaq Composite avançou 0,52%.
"O problema é a nossa volatilidade na abertura [dos negócios]", vaticina o economista-chefe da consultoria UpTrend, Jason Vieira. "O pessoal vê o índice futuro das Bolsas americanas em baixa e já abre a Bovespa com uma forte perda. Aí, mesmo que lá fora melhore, a gente não consegue recuperar aqui. O mesmo acontece na situação inversa: se abre muito bem, ficamos no azul mesmo que em Nova York feche com uma leve baixa", acrescenta.
Petróleo
O desempenho em Wall Street esteve o dia todo ligado ao preço do petróleo. Depois de abrir em forte alta, o que derrubou o mercado acionário global, o preço da commodity na New York Mercantile Exchange (Nymex) arrefeceu e fechou com uma leve alta de 0,69%, a US$ 140,97 o barril para entrega em agosto.
A preocupação dos investidores em relação ao petróleo está ligada ao poder que ele pode ter na inflação global. Caso os preços da commodity subam mais, os Bancos Centrais terão que elevar as taxas de juros para conter a inflação, o que atrai o investidor para a renda fixa e reduz o volume de dinheiro investido no mercado acionário, além de desacelerar o crescimento econômico. Além disso, o petróleo é um componente de gasto importante para diversos segmentos. Com a alta desses custos, os lucros caem - e as ações dessas empresas recuam.
Para Vieira, o petróleo é o grande motivo para a tensão entre os investidores, já que o fantasma da recessão nos Estados Unidos já dá sinais de afastamento.
"A idéia de recessão não vingou", explica. "Temos indicadores positivos que mostram que a economia americana não vai ficar três trimestres em queda, que é o conceito clássico para recessão." Um desses indicadores que balizam essa tese hoje foi a dos gastos em construção nos EUA. Caiu 0,4% em maio, marcando o 11° mês de queda nos últimos 12 meses. Porém, veio acima do que era esperado pelos analistas do setor (-0,6%).
Ações de aéreas caíram
Entre as ações listadas no Ibovespa, o destaque ficou para a forte queda das companhias aéreas TAM e Gol, cujas ações preferenciais tiveram quedas de 7,49% e 7,31%, respectivamente.
O recuo está diretamente ligado ao aumento dos custos dessas empresas com combustíveis. No acumulado do ano, o preço da querosene de aviação já se elevou em mais de 35%. "Mas isso é global. Companhias aéreas de todo o mundo passam pelo mesmo problema", avaliou Jason.