Uma alta dos juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano) poderia fazer com que os especuladores abandonassem o mercado petrolífero - o que daria espaço para que o barril da commodity recuasse - e mesmo um recuo para menos de US$ 100 não seria caso para grande preocupação para os países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). A declaração é do secretário geral da organização, Abdalla Salem el Badri.
"As pessoas irão investir em outra coisa" se o Fed elevar sua taxa, disse El Badri. "Tenho certeza de que o preço irá cair", acrescentou.
Segundo ele, o dólar fraco é o fator que está por trás dos sucessivos recordes do petróleo nos últimos meses - hoje, o barril atingiu a marca recorde de US$ 143,67 na Bolsa Mercantil de Nova York, (Nymex, na sigla em inglês). O dólar poderia recuperar terreno diante do euro caso a taxa de juros do Fed fosse elevada (no último dia 25, o banco manteve a taxa em 2% ao ano).
"Nós não preferimos (um barril a) US$ 137 hoje e a US$ 10 amanhã. Seja US$ 80, US$ 90, US$ 110, o preço deveria refletir os fundamentos de oferta e demanda", afirmou. Ele disse que os especuladores irão "sair de modo gradual", caso o dólar recupere força. "Isso não é problema para nós", disse.
Segundo ele, as gigantes do setor petrolífero, como Royal Dutch Shell, ExxonMobil e Chevron, concordam que não há escassez da commodity no mercado. "Todas as empresas, exceto a BP [British Petroleum], consideram que não há escassez no mercado." El Badri disse ainda que o secretário de Energia dos EUA, Samuel Bodman, e o executivo-chefe da BP, Tony Hayward, foram os dissidentes, ao dizerem que a raiz do problema da alta do petróleo está nos fundamentos do mercado, e não na especulação.
Em setembro do ano passado, quando o Fed reduziu sua taxa de juros em 0,5 ponto percentual, para 4,75% (a primeira redução de juros desde 2003), o barril estava no patamar de US$ 81.