A pesquisadora Yolanda Mercedes Silva de Oliveira, professora do departamento de Nutrição da Universidade de Brasília (UnB), alerta: as empresas andam abusando na quantidade de água dentro da embalagem do frango congelado. Um estudo realizado por ela e por uma equipe com três marcas diferentes do alimento - duas do Distrito Federal e uma de fora, mas comercializada aqui - revelou que há casos em que o gelo corresponde a 9% do peso total do pacote. O percentual máximo permitido é 6%. Além disso, de acordo com Yolanda, há uma disparidade muito grande na quantidade de água entre frangos da mesma marca. Segundo a professora, isso reflete ausência de padronização por parte das empresas e evidencia falha no método do Ministério da Agricultura de monitorar se o direito do consumidor está sendo cumprido: o órgão seleciona lotes de seis frangos de cada empresa e tira uma média do percentual de gelo por marca.
Yolanda Oliveira mediu a água no frango em sua pesquisa de duas formas: seguindo o método do Ministério, com seleção de seis produtos do mesmo lote para cada empresa avaliada e cálculo de uma média para cada marca; e individualmente, com verificação do peso em carne e do peso em gelo de cada uma das 18 embalagens de diferentes marcas. Com a aplicação do primeiro método, só uma empresa foi reprovada no teste: seus frangos apresentaram média de água de 7,22%, ou seja, 1,22 ponto percentual acima do permitido pelo Ministério da Agricultura. Já com a aplicação do segundo método, produtos das três empresas apresentaram problemas, e frangos de uma mesma marca tiveram entre 4,4% e 9% de água - percentuais bastante distintos, portanto.
"A gente tem um quadro em que a legislação não é feita para o consumidor. Ele não pode escolher o produto segundo as marcas que foram aprovadas ou reprovadas pelo Ministério da Agricultura, já que uma marca pode ter percentual de gelo acima do permitido e mesmo assim receber o selo de aprovação", afirma a pesquisadora.
Yolanda defende um controle mais rigoroso sobre o processo de preparo do alimento para ir para as prateleiras. "É preciso discutir regras, montar um esquema de fiscalização", afirma.
TAC
A assessora especial do Instituto de Defesa do Consumidor do Distrito Federal (Procon-DF), Ildecer Amorim, diz que, em razão da quantidade razoável de denúncias acerca do excesso de água no frango recebidas pelo órgão, é estudada a possibilidade da assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para solucionar o problema.
"Estamos fazendo contato com órgãos como Ministério da Agricultura e Vigilância Sanitária para que nos auxiliem, até porque o Procon não tem capacitação técnica para realizar testes. Convidaríamos as empresas a assinarem o TAC e haveria uma fiscalização rigorosa", explica.
Serviço
O telefone do Procon-DF para orientação e denúncias é 151