Jornal Correio Braziliense

Economia

Petróleo fecha com recorde após chegar perto dos US$ 143

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O preço do petróleo cravou novos recordes nesta sexta-feira (27/06), no ferchamento e durante as negociações na Bolsa Mercantil de Nova York, (Nymex, na sigla em inglês), quando chegou perto dos US$ 143. A expectativa dos investidores por mais desvalorizações do dólar frente a outras moedas, como o euro, o temor de escassez e fatores como tensões entre Israel, Irçã e União Européia, além de riscos à produção na Nigéria, mantiveram o ritmo ascendente do preço da commodity. O barril para entrega em agosto, negociado na Nymex, fechou cotado a US$ 140,21 (alta de 0,41%), novo recorde para um encerramento de sessão. Duante o dia, o preço bateu o recorde de US$ 142,93. O barril do petróleo Brent, negociado em Londres, chegou a US$ 142,91. O euro chegou ao fim das negociações hoje em Frankfurt cotado a US$ 1,5750, estável em relação a ontem. O BCE (Banco Central Europeu) fixou hoje o câmbio oficial do euro em US$ 1,5748. A expectativa de um aumento de juros em Breve por parte do BCE, bem como a situação difícil em que se encontra o Federal Reserve (Fed, o BC americano), podem manter o dólar em ritmo de queda ainda por algum tempo. O Fed precisa equilibrar a necessidade de elevar os juros para conter a pressão inflacionária (causada justamente pela alta dos combustíveis, que refletem a disparada do petróleo, além da alta dos alimentos) com a cautela para que juros mais altos não desaqueçam ainda mais a economia do país --que cresceu apenas 1% no primeiro trimestre, após um desempenho ainda mais fraco no quarto trimestre de 2007, expansão de 0,6%. O dólar fraco favorece o aumento da pressão da demanda por petróleo: como o barril é negociado em dólar, a desvalorização da moeda americana torna a commodity mais atrativa para novos compradores. O declínio nas Bolsas americanas também favorece a busca pelo petróleo: com as quedas vistas desde ontem em Wall Street, mais investidores buscam alocar seus recursos em commodities, para se protegerem de prejuízos no mercado financeiro. A escalada do petróleo em direção aos US$ 140 e além ganhou força ontem, com a declaração do chefe da Corporação Nacional de Petróleo da Líbia, Shokri Ghanem, de que o país pode cortar sua produção em resposta à lei, aprovada pela Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados) dos EUA em maio, que permite ao Departamento de Justiça processar os países da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) por limitar a oferta de petróleo e por fixar os preços da commodity. "Há ameaças do Congresso [dos EUA] e eles estão levando a Opep para os tribunais, estendendo as leis dos EUA para fora do país", disse. A medida submeteria os países do cartel --entre eles Venezuela e Irã, com quem os EUA têm relações difíceis-- às mesmas leis antitruste que regulam as operações das empresas americanas e cria uma força-tarefa do Departamento de Justiça para investigar o movimento dos preços da gasolina e a manipulação do mercado de energia. A Casa Branca se opõe à lei, dizendo que atingir os investimentos da Opep nos EUA poderia levar a medidas retaliatórias. As reservas de petróleo nos Estados Unidos cresceram em 800 mil barris e atingiu 301,8 milhões de barris na semana passada, segundo o governo americano --o que ajudou a conter um pouco a alta na quarta-feira (25), quando o relatório semanal de estoques do país foi divulgado, mas a queda não se sustentou. Previsões Ontem também o presidente daOrganização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) , Chakib Khelil, disse que o barril pode chegar a US$ 170 nos próximos meses. Ele já havia dito nesta semana que os preços do petróleo não vão cair. Em maio, o banco norte-americano de investimentos Goldman Sachs havia estimado que o barril de petróleo atingiria a marca de US$ 141 no segundo semestre (à época da previsão, o preço do barril estava em US$ 127). O Goldman justificou a projeção citando as "estreitas condições de fornecimento" e afirma que as tendências para os preços continuavam a ser de alta. Poucos dias antes o mesmo banco havia previsto que o barril chegaria a US$ 200 dentro dos próximos dois anos, como parte de uma disparada provocada por dificuldades na ampliação da oferta mundial do produto. Em abril, Khelil já havia previsto que o petróleo chegaria a US$ 200, pressionado pelo dólar em queda --à época desta previsão o barril estava no patamar de US$ 118. Irã, Nigéria e dólar As tensões entre Israel, Irã e União Européia (UE) e as greves de trabalhadores do setor petrolífero e ataques de grupos armados contra instalações de petrolíferas na Nigéria também afetam o preço do barril. Nesta semana, o governo iraniano disse que as novas sanções impostas pela União Européia em resposta ao programa nuclear do país podem prejudicar os esforços diplomáticos para resolver a questão dos altos preços do petróleo. Nesta semana, os 27 países que compõem a UE firmaram acordo que estabelece medidas punitivas que busca atingir transações comerciais e indivíduos que, segundo países ocidentais, estão ligados aos programas bélico e nuclear do Irã. Além disso, o jornal americano "The New York Times" informou recentemente, citando militares americanos, que Israel vinha treinando para um possível ataque contra instalações do programa nuclear do Irã. Fontes oficiais iranianas negaram rumores de uma ataque israelense e em Jerusalém um porta-voz do Exército disse que as Forças Armadas não estão cientes de incidentes envolvendo o Irã. O comandante-em-chefe da Guarda Revolucionária (setor de elite das Forças Armadas iranianas), Mohammad Ali Jafari, no entanto, advertiu o "inimigo" das conseqüências de qualquer ataque ao Irã. Na Nigéria, o sindicato dos trabalhadores do setor petrolífero e a empresa petrolífera americana Chevron devem retomar as negociações, a fim de encerrar uma greve. Ataques de grupos armados às instalações da empresa já afetaram em cerca de um terço a produção, de cerca de 350 mil barris diários, no país. O dólar em queda também afeta a cotação do petróleo. Na quarta-feira (25/06), o Federal Reserve (Fed, o BC americano) manteve sua taxa de juros em 2%, mas os cortes efetuados antes (sete consecutivos, entre setembro do ano passado e abril deste ano) afetaram a posição da moeda americana diante do euro. Uma pesquisa da MasterCard divulgada na terça-feira (24) mostrou que a demanda por gasolina nos EUA caiu 2,7% na semana passada, na comparação com o mesmo período do ano passado; nas últimas quatro semanas, a demanda recuou 3,6% na comparação com o mesmo período um ano antes.