Pela primeira vez em muitas décadas as expectativas de inflação no Brasil mostram trajetória descendente, afirmou nesta quarta-feira (25/06) o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em apresentação para investidores europeus, em Londres. Ele destacou que esse cenário não havia sido verificado nem mesmo no período de inflação mundial baixa.
Apesar de a previsão do mercado apontar para alta de 6,08% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2008, mais próximo do teto da meta (de 4,5%, com dois pontos de margem para cima ou para baixo), os números recuam nos anos seguintes. A previsão é de 4,78% para 2009, 4,50% para 2010, 4,30% para 2011 e 4,20% para 2012, conforme mostrou. "O Banco Central está comprometido em manter a inflação dentro da meta", voltou a afirmar hoje, para uma platéia de cerca de 170 pessoas.
Segundo Meirelles, o Brasil se preparou nos últimos anos para traçar um caminho de crescimento sustentável. Até então, a economia nacional não conseguia se desenvolver pois se deparava com crises cambiais ou inflacionárias. O cenário começou a mudar a partir de 1994, com o plano de estabilização. Em 1999, veio o esforço fiscal com o lançamento das metas de superávit primário, lembrou o presidente do BC. O sistema de metas de inflação e de câmbio flutuante e a redução da dívida interna foram outros fatores citados por Meirelles para mostrar a trajetória seguida pelo País recentemente.
Ele mencionou o ciclo de aperto monetário iniciado em 2003, "quando a inflação brasileira ainda era alta", com o objetivo de fazer os índices de preços recuarem mais rapidamente. "Foi doloroso, mas optamos por um processo mais acentuado de redução da inflação", disse. Em 2003, o IPCA superava 15%, mas caiu para cerca de 5% no ano seguinte, como conseqüência da alta dos juros no período.
"Analisando todo esse cenário, podemos ver agora porque o Brasil está no caminho do crescimento sustentável", afirmou. "O país tem agora o ciclo de crescimento econômico mais longo desde a década de 1970."
O presidente do BC voltou a dizer que a demanda interna é a condutora desse processo, a partir do aumento da renda e da melhora do nível de emprego. Segundo ele, essa questão é analisada cuidadosamente, pois o objetivo é manter a demanda em linha com a oferta.
Meirelles também considerou que a qualidade do fluxo de recursos externos para o país melhorou bastante, ao notar uma mudança na dinâmica dos investimentos. "O fluxo é cada vez mais conduzido pelo investimento externo direto e pelos IPOS do que por dívida."
O presidente do BC participou nesta quarta-feira da conferência "The Global Borrowers Investors Forum", organizada pelo Euromoney. De Londres, Meirelles segue hoje para a Basiléia (Suíça), onde participa da reunião bimestral do BIS (Banco de Compensações Internacionais).