O risco de apagão em 2009 caiu de 7,5% para 3% e em 2010, foi de 9,5% para 5%, aponta pesquisa divulgada nesta terça-feira (24 c/06) pelo Instituto Acende Brasil. O estudo ressaltou, porém, que se em janeiro de 2009 for registrado o mesmo nível de chuvas que em 2008 (42% dos limites dos reservatórios), o risco sobe para 8,5%.
O índice de 42% é o nível mais baixo de água que os reservatórios podem chegar se houver seca no primeiro mês do ano. Os riscos de racionamento estão baixos, ressalta o instituto, porque as usinas térmicas - mais caras e mais poluentes - podem ser acionadas.
Segundo Luiz Augusto Barroso, do Acende Brasil, a probabilidade de o nível dehuvas em janeiro de 2009 atingir o patamar de 2008 é de 30%. Se isso realmente ocorrer, o Brasil pode viver novamente o chamado "Susto de Janeiro", que foi quando as usinas térmicas foram acionadas ao custo de R$ 1 bilhão para o país.
O nível de água nos reservatórios hoje é de 80% - no mesmo período do ano passado, esse nível era de 76%. O medo do instituto é que no começo de janeiro esse nível caia e as chuvas demorem para acontecer.
O relatório apresentado hoje pelo instituto também mostrou que o custo adicional de R$ 1 bilhão pelo acionamento das térmicas é superior ao orçamento do Bolsa Família, que é de R$ 912 milhões e atende 11 milhões de famílias. Com R$1 bilhão, diz a entidade, também seria possível construir uma usina com capacidade para 500 megawatt.
Na época que as usinas térmicas foram acionadas, o governo alegou questão de segurança, para que não houvesse racionamento de energia. Só que as chuvas caíram e as térmicas ficaram ligadas por mais três meses, reclama o instituto.
"As térmicas foram acionadas por uma questão de segurança. Durante o mês de janeiro, esse acionamento foi justificável. Mas a partir da primeira semana de fevereiro, as usinas deveriam ter sido desligadas. Não há razão para as usinas ficarem ligadas entre fevereiro e maio", disse Barroso. *Poderes ao CMSE.
Outro ponto que o instituto contesta é a resolução número 8 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), e que dá poderes ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) para autorizar o acionamento de usinas térmicas. Para eles, o CMSE ganhou tal poder porque, no ano passado, no Nordeste choveu apenas 35% da média histórica mensal.
"A seca no Nordeste foi a razão para deflagrar a ampliação das funções do CMSE. Choveu apenas 35% média. Mas isso politiza uma decisão técnica", afirmou Barroso.
Eles também alegaram que a Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, influenciou na decisão do CNPE em conceder poderes ao CMSE. "Certamente a ministra Dilma teve influência nessa decisão, porque ela faz parte do CNPE", afirmou o presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Sales.