O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, identificou, nesta segunda-feira (23/06), a inflação como o principal problema enfrentado pela América Latina e recomendou aos governo resistirem em autorizar aumento de salários, para evitar que a alta de preços se consolide.
Depois de anos de êxito no combate à inflação, o repique atual, motivado pelo petróleo e alguns alimentos, supõe a primeira prova real para os bancos centrais latino-americanos, segundo o chefe do FMI.
Em entrevista à imprensa, Strauss-Kahn apontou os salários como o principal elemento para assegurar que a credibilidade das autoridades monetárias não vá pelo ares. "O canal entre o presente e o futuro para a inflação é a questão dos efeitos de segunda ordem", disse Strauss-Kahn, que os resumiu nos "reajustes dos salários que seguem estritamente o aumento de preços".
O FMI teme que o nível atual de inflação se incorpore na negociação dos contratos, começando com os dos funcionários públicos, que contam com sindicatos mais poderosos e freqüentemente marcam a pauta das demais categorias. Isso solidificaria a inflação em níveis muito superiores às margens dos bancos centrais.
"Há uma crise atual, que não é fácil de confrontar, mas de qualquer forma que se faça, há que evitar conseqüências no futuro", disse Strauss-Kahn. Seguir a recomendação do Fundo significa uma perda de poder aquisitivo dos trabalhadores a curto prazo, porém o organismo defende que é o preço que a sociedade deve pagar para impedir que a inflação ganhe força.