Jornal Correio Braziliense

Economia

Na contramão da crise da matriz americana, Citi brasileiro compra Intra

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Na contramão da crise vivida pela matriz americana, o Citibank brasileiro decidiu mexer no caixa e comprar a corretora Intra, a oitava maior do varejo e uma das poucas instituições independentes de porte que ainda não se associaram a grandes bancos. O Citi não revelou o valor da transação, mas o mercado avalia em cerca de R$ 200 milhões. O anúncio acontece em meio à crise das hipotecas de segunda linha ("subprime") nos EUA, que obrigou o Citigroup a rever sua estratégia global e a buscar injeção de mais de US$ 44 bilhões em menos de oito meses. No Brasil, o banco vendeu parte de sua participação na Redecard por R$ 1,216 bilhão. O grupo avalia agora propostas para se desfazer da filial alemã, avaliada em cerca de 4 bilhões de euros. Segundo o presidente do Citi no Brasil, Gustavo Marin, a compra da corretora mostra que o Citigroup decidiu apostar em mercados de maior crescimento, como o Brasil, em detrimento de áreas maduras e de menor potencial. Marin afirmou que, no Brasil, todas as unidades de negócios crescem em um ritmo superior a 20% ao ano. "A estratégia de Vikram (Vikram Pandit, presidente-executivo do Citigroup) é desinvestir em ativos não-estratégicos e investir em ativos estratégicos. E ele viu que que o mercado no Brasil é estratégico", disse Marin. A corretora Intra é uma das mais atuantes no homebroker (sistema de negociação via internet) da Bovespa, negocia commodities e contratos financeiros na BM. A corretora trará ao Citi cerca de 15 mil clientes e R$ 1,2 bilhão em ativos movimentados. Nos anos 80, a Intra foi um dos principais canais de atuação do investidor Naji Nahas, que culminou em um crise de liquidez na Bolsa do Rio. Segundo Roberto Serwaczak, que comanda a corretora do Citi, a Intra permitirá ao grupo americano distribuir ativos brasileiros a seus clientes internacionais por meio da parceria feita pela BM com o CME Group, que reúne as bolsas Chicago.