Jornal Correio Braziliense

Economia

FBI prende 460 nos EUA por fraudes no mercado imobiliário

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O FBI (a Polícia Federal americana) anunciou nesta quinta-feira (19/06) que 406 pessoas foram presas por participação em fraudes relacionadas ao mercado de financiamentos imobiliários nos Estados Unidos, pivô de uma crise que vem atingindo a economia mundial desde o ano passado. A operação do FBI descobriu 144 casos de fraude entre 1° de março e 18 de junho, com uma estimativa de prejuízo de US$ 1 bilhão relacionada a esses crimes. Entre os indiciados pelo Departamento de Justiça americano há corretores de imóveis e pessoas que ajudaram compradores de imóveis a conseguir empréstimos. Em uma nota divulgada pelo FBI no seu site, o órgão diz que só na quarta-feira 60 pessoas foram presas. O anúncio do FBI ocorreu no mesmo dia em que dois gerentes do banco americano de investimentos Bear Stearns foram presos sob a acusação de praticar fraudes em dois fundos do banco. Matthew Tannin e Ralph Cioffi são os primeiros executivos a enfrentar acusações criminais por causa da crise das hipotecas. Tipos de fraude "Fraudes com empréstimos imobiliários e valores mobiliários representam uma ameaça significativa à nossa economia, à estabilidade do mercado de imóveis de nossa nação e à paz de espírito de milhões de proprietários de casas", disse o vice-secretário americano de Justiça, Mark Filip. Segundo o FBI, a operação identificou envolvidos em principalmente três tipos de fraude - envolvendo empréstimos, esquemas de suspensão de ordens de despejo e concordatas de organizações credoras relacionadas a financiamento de imóveis. No primeiro caso, freqüentemente os criminosos são intermediários em empréstimos para financiar imóveis em que eles mentem a respeito do cliente que contrai a dívida - exagerando seus bens ou sua renda, por exemplo. Nos esquemas envolvendo ordens de despejo, os criminosos visam donos de imóveis que passam por dificuldades financeiras, exigindo propinas para evitar que eles sejam expulsos de suas casas. Esses dois tipos de fraude podem ser praticados juntamente com o terceiro tipo de crime verificado pelo FBI, o de apresentar pedidos de concordata, levando a ordens de despejo. Bear Stearns Os dois executivos do Bear Stearns que foram presos gerenciavam dois fundos hedge do banco que eram apresentados aos investidores como sendo de baixo risco. Apesar disso, os gerentes aplicavam o dinheiro dos investidores em títulos de dívidas como as dos subprime --financiamentos imobiliários para pessoas consideradas com alto risco de inadimplência. O fundo faliu no ano passado, deixando um prejuízo de US$ 1,4 bilhão. Segundo o correspondente da BBC em Nova York Greg Wood, a promotoria deve argumentar que Matthew Tannin e Ralph Cioffi entendiam o perigo de aplicar o dinheiro do fundo nesses títulos, mas não alertaram os investidores. Tannin e Cioffi alegam inocência no caso. O Bear Stearns foi um dos bancos mais afetados pela crise do subprime. A crise nos fundos hedge antecedeu o colapso da instituição como um todo, o que ocorreu neste ano. No mês de março, o banco JP Morgan Chase concordou em comprar o Bear Stearns com o apoio do Federal Reserve, o banco central americano.