A inflação vem se mostrando mais "resistente", e diante disso o Banco Central (BC) terá que continuar elevando a taxa de juros, afirmou nesta quarta-feira o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Salomão Quadros. Ele calcula que há espaço para que os juros subam de 3 p.p. (pontos percentuais) a 3,5 p.p. em um período mais longo, com dosagens de 0,5 p.p a cada reunião, como o BC vem fazendo.
"Uma mudança na dosagem talvez fosse justificável se talvez houvesse evidência de descontrole, alguma coisa que revelasse gravidade no ritmo. O processo está se mostrando resistente, persistente, mas não necessariamente tão agudo. Então, acho que a aplicação da política monetária terá que ser feita por um período mais longo", observou.
O ritmo de aceleração da inflação deverá ser suavizado, a não ser que haja um choque de preços, destacou Quadros. Ele prevê que os alimentos continuarão pressionando os preços, mas em ritmo menor do que na segunda metade do ano passado.
"O que vai acontecer é que, à medida em que entre o segundo semestre, o ritmo de aceleração da inflação vai ser menor. Atualmente, as taxas estão repondo taxas menores do que no ano passado. No segundo semestre, será diferente", afirmou.
Quadros destacou que os fertilizantes continuam subindo, ainda que de forma menos intensa. O dado, segundo ele, é preocupante à medida em que esses itens são utilizados na agricultura e tem influência sobre o preço dos produtos agrícolas.
Os fertilizantes subiram 6,92%, segundo o Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) de junho, divulgado nesta quarta-feira pela FGV. Em maio, a alta havia sido de 9,72%. Nos últimos 12 meses, os fertilizantes aumentaram 83,21%.