Jornal Correio Braziliense

Economia

Crédito para pessoa física pode se desacelerar em 2009, diz Febraban

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Depois de um 2008 onde se espera a continuidade da alta nas operações de crédito no país, o cenário pode ser revertido no próximo ano. É o que disseram os bancos ouvidos na Pesquisa de Projeções e Expectativas de Mercado feita pela Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Segundo a pesquisa, 38% dos bancos avaliam que existem sinais de reversão da demanda de crédito, enquanto que 62% dizem acreditar no contrário. "Já não é unânime que será mantido o ritmo de crescimento da carteira de crédito", disse o economista-chefe da entidade, Nicola Tingas. "Há uma expectativa de desaceleração do crédito em 2009 por causa das pessoas físicas. Para pessoa jurídica deve se manter firme." Já para 2008, a previsão obtida na pesquisa segue positiva. Ela aponta para alta de 26,67% nas operações de crédito para pessoas físicas e de 25,39% para as pessoas jurídicas. Foram superiores, inclusive, à da pesquisa realizada em abril, quando apontaram altas de 24,89% para pessoa física e de 23,87% para pessoas jurídicas. Entre os motivos para a reversão estariam a alta na taxa de juros e a inadimplência. Quase metade (42%) dos bancos entrevistados disseram prever aumento da inadimplência já em 2008. "Mas os índices seguem baixos", disse Tingas, lembrando que essa preocupação faz com que os bancos refinem seus critérios de cessão de crédito, o que evita o descontrole do calote. A maior incidência de bancos preocupados com a inadimplência, explicou Tingas, está nos regionais - principalmente os nordestinos. "Eles possuem mais clientes nas classes C, D e E do que a média, e estão preocupados com eles", disse o economista. "Eles possuem apenas suas rendas mensais para quitar dívidas, e tendem a ter uma capacidade menor de pagamento quando há um descompasso de gastos, como o causado pela inflação. Já as classes A e B possuem poupança, que pode ser utilizada para equilibrar o caixa." Sobre a possibilidade do Banco Central regulamentar o prazo máximo de financiamento, 90% dos bancos se disseram contrários à medida. A maioria dos bancos considera que fazer essa restrição poderia gerar distorções no sistema que tornaria a medida mais um problema do que uma solução, disse Tingas. "Os bancos preferem os juros como um instrumento mais eficiente [para controlar a demanda]", explicou.