O tango e a neve, além do forró e das praias nordestinas, já começam a fazer parte dos planos de viagem da classe C. O dólar - cada vez mais barato para o bolso do brasileiro, somado às ofertas de parcelamento - atrai uma nova camada da população para as viagens internacionais. São turistas que muitas vezes conhecem os destinos populares do Nordeste, como Porto Seguro, na Bahia, e algumas capitais, mas nunca imaginaram ir para o exterior.
Há oito anos, quando abriu sua agência de viagens, a Novatur, no Jardim São Luís, região de Santo Amaro, Mario Oliveira Luiz se empenhava em convencer clientes que só andavam de ônibus que era possível parcelar uma passagem aérea para o Nordeste. ;Hoje procuro mostrar que com US$ 500 (cerca de R$ 860 pelo dólar turismo), dá para viajar para a Argentina.
Os shows de tango, as compras na calle Florida e a neve de Bariloche, embrulhados em pacotes de três dias a uma semana, parcelados geralmente em até dez vezes, fazem sucesso entre quem está deixando o País pela primeira vez. ;Buenos Aires costuma ser o destino de estréia de quem nunca foi para o exterior, como era o Paraguai anos atrás;, compara o presidente da CVC, Guilherme Paulus. Já outros roteiros para a Disney ou Europa estão mais para o bolso do público A e B. Os países europeus, principalmente por causa do euro, são caros.
O aumento do volume de cheques para financiamento de viagens este ano é o que chamou a atenção do assessor comercial Daniel Gil, da Fenix, especializada em viagens para a América do Sul. O parcelamento em até dez vezes pode ser acertado nas agências que operam com a Fenix em cartão de crédito ou cheque. ;Mas o fato de ter aumentado o uso do cheque nos pagamentos indica que o consumidor da classe C está comprando mais pacotes porque eles não têm limite suficiente para pagar com cartão. Por isso, usam cheque pré-datado.
Os brasileiros gastaram nos quatro primeiros meses do ano US$ 3, 4 bilhões em viagens ao exterior, um crescimento de 61,5% ante igual período de 2007. É um volume recorde, segundo informações do Banco Central (BC). Os números da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) revelam no primeiro quadrimestre do ano um crescimento de 20% nas vendas de pacotes internacionais e de 15% nos roteiros nacionais na comparação com a mesma época no ano anterior.