Jornal Correio Braziliense

Economia

Reajuste de tarifas será o dobro em 2009

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Os brasileiros que já estão sofrendo com a arrancada dos preços dos alimentos podem se preparar para mais uma pancada no bolso. A partir de 2009, os chamados preços administrados ou monitorados, conhecidos popularmente por tarifas públicas, voltarão a subir com força, avisa a economista Laura Haralyi, do Banco Itaú. A razão é simples: em maior ou menor proporção, as tarifas (telefonia, energia elétrica e passagens de ônibus, entre outras) são corrigidas com base nos índices gerais de preços (IGPs). E, para desespero de todos, eles deverão fechar o ano com alta superior a 10%. Ou seja, quando forem corrigidas no próximo ano, as tarifas embutirão boa parte dessa pesada inflação. Pelas contas do diretor da Modal Asset Management, Alexandre Póvoa, a alta média dos preços administrados deverá ficar em 6% em 2009, dobrando em relação a este ano (3%). ;Em 2007 e 2008, as tarifas foram importantes para amortecer a inflação, já que os demais preços subiram bastante;, afirmou. ;Mas esse movimento não se repetirá em 2009;, reconheceu. Com isso, os brasileiros não só terão o poder de compra diminuído, como o Banco Central terá de cortar um dobrado para manter a inflação próxima do centro da meta, de 4,5%. Em média, calcula o BC, as tarifas públicas representam 30% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência para o sistema de metas do governo. Se a previsão de alta de 6% para os administrados se confirmar no ano que vem, significa dizer que a inflação das tarifas será de 1,8%, o correspondente a 40% do centro da meta. Portanto, todos os demais preços da economia terão de subir, em conjunto, 2,7% para se chegar aos 4,5% perseguidos pelo BC. O problema é que ninguém acredita nisso, pois os preços dos alimentos, que têm peso importante na inflação, ainda continuarão em alta. Há quem acredite que eles subirão 15% em 2009, repetindo o comportamento deste ano. ;A margem de manobra para o Banco Central manter a inflação dentro das metas está cada vez menor;, reconheceu o economista-chefe da SLW Asset Management, Carlos Thadeu Filho. ;Ninguém pode se esquecer que, além dos alimentos, a cotação do petróleo continuará pressionada (há analistas apostando que o barril chegue aos US$ 200 ante os quase US$ 130 de agora) e os preços dos minérios, dos fertilizantes e dos petroquímicos não cederão tão cedo;, reforçou. É por isso que os especialistas estão ficando tão pessimistas quanto aos rumos da inflação deste ano e do próximo. Boa parte do mercado já trabalha com inflação acima de 6% em 2008, com o índice final podendo superar o teto da meta de 6,5%. Para 2009, o consenso caminha rápido para IPCA acima de 5%, com tendência de alta. Na tentativa de reduzir o pessimismo embutido nessas projeções, o presidente do BC, Henrique Meirelles, usou a cerimônia de ontem de lançamento da moeda comemorativa de 200 anos da chegada da Família Real portuguesa ao Brasil para mandar um duro recado ao mercado: o de que a instituição não medirá esforços para manter a inflação sob controle. Quer dizer, a taxa básica de juros (Selic), que desde abril saltou de 11,25% para 12,25% ao ano, subirá até onde for necessário para manter as conquistas da estabilidade econômica.