Jornal Correio Braziliense

Economia

Bovespa acumula sétimo pregão de perdas; acumulado do mês é 8%

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A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) emendou seu sétimo pregão de desvalorização das ações. O investidor continua preocupado com a escalada dos preços e a possibilidade de um aperto monetário (alta dos juros básicos da economia). O Ibovespa, termômetro dos negócios, retrocedeu 1,45% no fechamento, para os 66.794 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,3 bilhões. No mês, a bolsa já acumula perdas de 8%, mas no ano ainda tem valorização de 4,55%. "Há três fatores básicos para explicar essas perdas da Bolsa. O primeiro, que é um pouco menos relevante, é alguma realização de lucros (venda de papéis mais valorizados). O segundo, é o cenário externo bastante complicado. O Federal Reserve (Fed, banco central americano), que havia enfatizado a desaceleração da economia, já sugeriu que está mais preocupado com a inflação. O mercado já acha que (o Fed) pode até começar a subir os juros. E juros mais altos são muito ruins para as bolsas", comenta Ronaldo Zanin, gestor da Advisor Asset Management. ]"O terceiro fator, também bastante importante, é o cenário doméstico, que está muito complicado. Os índices de preços que saíram hoje mostraram que a inflação está elevada, em nível muito preocupante. A grande questão é saber se esses números estão dentro do previsto pelo Banco Central", acrescenta Zanin. Do contrário, pondera o analista, a autoridade monetária pode aumentar "a dose" nos juros. O dólar comercial foi trocado por R$ 1,641 na venda, em declínio de 0,36%. A taxa de risco-país marca 190 pontos, em alta de 0,52%. Entre as principais notícias do dia, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) teve variação de 0,79% em maio, ante 0,55% em abril, mais uma vez, puxada pelo forte incremento nos preços dos alimentos. O número está na banda superior das expectativas do mercado financeiro. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), registrou alta de 1,30%, enquanto a primeira prévia do IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), que teve variação de 1,97%. EUA No front externo, o Departamento de Energia dos EUA reportou que o estoque americano de petróleo teve uma queda de 4,6 milhões de barris na semana passada, ficando em 302,2 milhões de barris. O número contrariou as expectativas dos analistas, que estimavam um decréscimo menor: de cerca de 1 milhão de barris. Em Nova York, a cotação do barril bateu a casa dos US$ 138, preço histórico, mas encerrou com avanço de quase 4%, em US$ 136,38 nesta quarta-feira. O chamado Livro Bege, um sumário de comentários sobre a economia preparado pelo Fed, mostrou que a autoridade monetária vê a economia "fraca" no aspecto geral, ao mesmo tempo que afetada pelos altos custos da energia e dos alimentos, que inibiram os consumidores e levaram empresas a elevar seus preços. Essa visão da atividade econômica não contribuiu para melhorar o humor dos investidores e analistas, que viram uma economia em franca desaceleração, e sem o "alívio" de uma política monetária expansionista (de juros mais baixos)