Espécie de ante-sala do plenário da Câmara, o Salão Verde foi transformado nesta terça-feira (10/06) em palco de manifestação de policiais civis, militares e federais. De um lado, os civis, que foram à Casa fazer lobby para a aprovação da emenda à Constituição que equipara os salários deles aos dos promotores de Justiça. De outro, os militares e agentes das Polícias Civil e Federal (PF), que não são beneficiados pela proposta e passaram o dia num corpo-a-corpo com os deputados para que a emenda não fosse votada. O clima de assembléia estudantil tomou conta do salão, que ficou lotado, com cerca de 200 policiais
"Como agentes públicos, vocês têm o dever de respeitar o espaço público", disse, aos berros, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que se mostrou irritado com a manifestação. "Se essa emenda for aprovada do jeito que está, vai criar sérios problemas e acabar com a integração entre a Polícia Civil e a Militar (PM) nos Estados", alertou o coronel Marlon Jorge Teza, presidente da Federação Nacional de Entidades de Oficiais Militares Estaduais (Feneme)
"Vamos ter um desequilíbrio salarial muito grande se essa emenda for aprovada sem a inclusão dos policiais militares", argumentou o coronel Edson Costa Araújo, vice-presidente do Conselho Nacional de Comandantes-Gerais da PM. "A emenda, do jeito que está, é elitista porque concede benesses apenas para os delegados das Polícias Civil e Federal, deixando de fora os agentes", reclamou o sindicalista Luiz Alberto, do Sindicato dos Policiais Federais do Estado do Piauí.
A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 459 beneficia também os cerca de 2 mil delegados da PF, que hoje ganham entre R$ 11,6 mil e R$ 16,6 mil e passarão a receber R$ 21,9 mil mensais. Os governadores consideram a PEC uma bomba fiscal para o equilíbrio das contas estaduais, caso venha a ser aprovada no Congresso.
Estimativas preliminares apontam um acréscimo nas despesas de R$ 259 milhões nos primeiros 12 meses de vigência, em São Paulo, com pagamento dos 3,27 mil delegados de polícia. Os delegados do Estado recebem hoje entre R$ 3,4 mil e R$ 5,8 mil. Em Minas Gerais, o impacto também seria enorme, alcançando a casa do R$ 1 bilhão de aumentos de gastos. Apesar da forte tentativa de influência das polícias, não há previsão para que a proposta entre na pauta de votações da Câmara