Os empresários do setor têxtil e de confecções afirmam que devem amargar este ano um déficit recorde na balança comercial, que pode variar entre US$ 1,4 bilhão a US$ 1,8 bilhão, se forem excluídas da pauta as exportações de algodão, que é uma matéria-prima sem adicionamento de valor. A afirmação é do diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel. Será algo jamais visto porque até três anos atrás, em 2005, nós éramos superavitários em mais de US$ 700 milhões. E inverteu-se isso de forma profunda em três anos, disse nesta segunda-feira (9/06) Pimentel, ao participar do evento de moda Fashion Rio.
Ele atribui a perspectiva negativa desvalorização do dólar frente o real, falta de acordos comerciais de acesso preferencial aos grandes mercados mundiais e elevada carga tributária. Todos esses percalços, alertados pelo setor reiteradamente nos últimos sete, oito anos, avançaram muito pouco no Brasil, observou.
Somando o algodão, as exportações têxteis e de confecções devem atingir este ano US$ 2,5 bilhões, contra importações de US$ 3,9 bilhões. Quando a conta é feita sem o algodão, as exportações devem somar US$ 2 bilhões, contra importações de US$ 3,8 bilhões.
Ele analisou que a produção do setor têxtil deve crescer este ano entre 3% a 4%, em função da demanda doméstica, enquanto a expectativa para o varejo é de expansão de até 13%.
O diferencial entre o crescimento da produção e do varejo está sendo abastecido pelos produtos importados, favorecidos pela taxa do câmbio. Já a produção da indústria de confecções cresce cerca de 10%
A produção física atual do setor, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), alcança em torno de sete bilhões de peças de vestuário fabricadas por ano. O aumento da produção estimado para 2008 representará cerca de 250 milhões de peças mais.