Jornal Correio Braziliense

Economia

População gasta mais para comer a mesma coisa

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Os brasilienses precisaram desembolsar mais dinheiro para continuar comendo as mesmas coisas em maio. Isso porque os preços dos alimentos subiram 2,12% contra 1,74% em abril. Levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) mostra que a inflação acumulada em Brasília neste ano está em 2,98%. E a situação não deve melhorar tão cedo. Segundo André Braz, coordenador do IPC, os alimentos, em junho, continuam com tendência de aumento de preços. Os grandes vilões são os derivados de trigo, carnes bovinas e carnes de aves. ;Muitos desses itens apresentam aceleração dos preços em junho, mas ainda não sabemos se esse comportamento será mantido por muito tempo;, adianta o economista. Na hora de escolher o que vai para a mesa, é importante calcular bem os preços e ter em mente os produtos que mais aumentaram. O Correio preparou um apanhado do que subiu e do que caiu no mês passado. Assim, fica mais fácil se organizar ao sair para as compras. O primeiro item da lista de disparada dos preços é a dupla arroz e feijão, apreciada por boa parte dos brasileiros, que aumentou 3,30% apenas em maio e 64,15% nos últimos 12 meses. O arroz branco subiu 17,80% e acumula 24,78% desde janeiro. Mesmo com a redução de impostos e das tarifas de importação, os preços dos derivados do trigo fecharam o mês de maio em alta. A boa notícia vem da Bolsa de Chicago, que já registra movimento de queda nos preços do trigo, o que pode ajudar a derrubar os valores no Brasil. Por enquanto, é bom tentar substituir as guloseimas. Panificados e biscoitos, por exemplo, ficaram 6,06% mais caros em maio e, no ano, 13,51%. Outra boa notícia é que, com a alta da taxa de juros anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na quarta-feira, a inflação pode ser controlada. A taxa Selic passou a 12,25%, o que contribui para aumentar o custo do crédito e, assim, diminuir o consumo da população. ;BC vai perseguir uma inflação de 4,5% e tem no aumento da taxa de juros a principal forma para chegar a esse patamar;, afirma Jandir Feitosa, economista e professor da FGV. Os juros altos não influenciam muito o preço das commodities e, por conseqüência, dos alimentos, mas desaquecem a economia, e seguram o desejo de consumo.