Jornal Correio Braziliense

Economia

Amorim pede manutenção de meta européia para etanol

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O lobby do setor de petróleo na Europa contra o etanol já faz com que o Itamaraty se mobilize. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, se reuniu com ministros europeus e deixou claro que qualquer critério imposto por Bruxelas sobre o comércio do etanol, que gere barreiras injustificadas, será questionado politicamente e legalmente pelo Itamaraty. Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou a Cúpula da FAO, em Roma, para atacar o setor do petróleo em seu discurso. Agora, o Itamaraty começa a atuar para enfrentar o lobby. O etanol voltou a ser discutido em um encontro entre Amorim e ministros europeus, nessa sexta-feira (06/06) na Eslovênia - que até o final do mês ocupa a presidência da União Européia (UE). O Itamaraty pediu que Bruxelas mantivesse sua meta de ter 10% dos carros movidos a etanol até 2020. O objetivo faz parte de uma estratégia energética para reduzir a dependência do petróleo e as emissões de CO2. Mas essa meta está sendo atacada, inclusive por ministros europeus. Diplomatas de alto escalão do governo alertam que vem recebendo informações de que um dos grupos de lobby que mais está fazendo pressão contra o etanol na UE é o do petróleo. Uma das novas idéias que geraram preocupações entre a diplomacia foi a de que se poderia atingir a meta de redução de CO2 até 2020 sem precisar do etanol. A proposta seria o uso de novas tecnologias na produção de petróleo, e não com sua substituição. A proposta foi feita pelas empresas do setor e os europeus, que diante da polêmica em torno do etanol, já estariam estudando a opção. Para o Brasil, porém, a idéia seria um golpe duro na estratégia de criar um mercado mundial para o etanol. Amorim insistiu com os europeus para que não abandonassem a meta de ter 10% de seus carros movidos a etanol até 2020 e que aceitassem uma maior abertura de seu mercado para a importação do etanol de outras partes do mundo. Em entrevista, o relator da ONU contra a Fome, Olivier de Shutter, afirmou que vai fazer um lobby com a UE para que abandone suas metas. "Isso daria um sinal forte aos mercados de que a disputa por terras não continuará, reduzindo a especulação sobre alimentos", disse. O Brasil, porém, tem uma outra visão. O Itamaraty acredita que é importante a UE manter seus objetivos de expansão do uso do etanol, permitindo também que esse aumento seja feito com produtos importados, e não apenas com a produção local, o que evitaria uma alta de fato nos preços dos alimentos. Para atingir sua meta sozinha, a UE precisaria usar 15% de suas terras aráveis. Para Amorim, a abertura do mercado europeu resolveria o problema e ainda ajudaria a gerar renda não apenas no Brasil, mas em outros países pobres que começarão a produzir etanol.