Jornal Correio Braziliense

Economia

Diretor da Conab diz que crise de alimentos e alta dos fertilizantes aumentam importância da agricultura familiar

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Brasília - Com a crise mundial dos alimentos, a criação de uma base agroecológica se torna fundamental para diminuir a dependência de insumos agrícolas, e as unidades de agricultura familiar são as que melhor se adaptam a ela. A avaliação é do diretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sílvio Porto. Ele defendeu o fortalecimento da agricultura familiar. ;As unidades de agricultura familiar se adaptam melhor a uma perspectiva agroecológica exatamente porque elas utilizam a sua mão-de-obra, produzem em pequena escala, dialogam melhor com os aspectos do ambiente e, portanto, acho que essa seria uma boa estratégia no sentido da inclusão social, dos aspectos ambientais e, principalmente, de uma resposta a esse modelo em que está colocada hoje a crise dos alimentos;, afirmou. Sílvio Porto, que é diretor de Logística e Gestão Empresarial, disse que já existem várias experiências no Brasil e no exterior que demonstram a viabilidade de se produzir, em escala significativa, com menos dependência de insumos agrícolas. Para que esses exemplos sejam expandidos, ele considera fundamental o avanço da ciência, com mais investimentos em pesquisas, ;principalmente para menor uso de fertilizantes, sobretudo com uma base agroecológica, que permita dialogar mais com os aspectos naturais.; Segundo Porto, houve uma concentração muito grande na mão de poucas empresas, que hoje detêm o poder econômico, em relação aos fertilizantes e às sementes, e, conseqüentemente, à produção de alimentos. ;Isso gera uma enorme vulnerabilidade em relação à perspectiva de conseguirmos, de fato, uma soberania alimentar nos países da América Latina, África e Ásia.; Ao mesmo tempo, reduziu-se a agrobiodiversidade, ou seja, a produção mundial prioriza poucos produtos agrícolas. Nesse modelo, quando ocorre algum problema, como a quebra de safra em alguma região, as conseqüências alcançam dimensões globais. Além da produção, o diretor da Conab ressaltou na entrevista a concentração mundial que existe na distribuição e comercialização de alimentos, o que também acontece no país. ;No caso do Brasil, hoje nós temos três empresas que representam mais de 40% do comércio de alimentos em nível dos consumidores.;