HAVANA - Cuba e Brasil reforçaram seus laços políticos e econômicos durante a visita do chanceler brasileiro Celso Amorim, que será concluída neste sábado (31/05), na qual atuarão para reduzir a brecha comercial e aumentar os investimentos em áreas como petróleo, mineração e turismo. Os dois dias foram dedicados a concretizar os 10 acordos assinados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua visita de janeiro, que situarão o Brasil na posição de décimo sócio comercial de Cuba em nível mundial e segundo na América Latina.
O vice-presidente cubano Carlos Lage mencionou o "desafio" brasileiro de se tornar "o primeiro sócio de Cuba" em nível geral, posição ocupada pela Venezuela. "Estamos favoravelmente dispostos a esse objetivo", ressaltou Lage.
"Cuba está iniciando uma nova fase de seu desenvolvimento, de sua evolução, e o Brasil quer estar aqui. Queremos ser o sócio número um, não o segundo nem o terceiro", disse Amorim.
Os principais acordos assinados por Lula com o presidente Raúl Castro em janeiro estão relacionados a exploração de petróleo, fabricação de lubrificantes, créditos para importar alimentos e modernização de uma usina de níquel em Moa (leste), e a investimentos no cultivo de soja e em piscicultura. Em uma reunião neste sábado no Palácio de Convenções, presidida por Lage e Amorim, o ministro de Comércio Exterior cubano Raúl de la Nuez disse que o comércio continua crescendo, pois atingiu mais de 450 milhões de dólares en 2007 e cresceu 58% de janeiro a abril de 2008.
Isso se deve a "maiores importações de alimentos, maquinários agrícolas e equipamentos de transporte" por parte de Cuba, embora seja o início de "um crescimento das exportações cubanas para o Brasil", particularmente das indústrias biotecnológica e farmacêutica, disse. Em 2006, quando o comércio foi de 453 milhões, as vendas cubanas foram apenas de cerca de 25 milhões, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas.
De la Nuez ressaltou que além das vendas cubanas de zeólita ao Brasil "abrem-se perspectivas com outros minerais". "Temos esperança de que as exportações de serviços de Cuba aumentem, especificamente de serviços turísticos" para o qual começará a funcionar em junho uma rota aérea Havana-Rio de Janeiro, afirmou. Amorim inaugurou na sexta-feira um encontro empresarial de ambos os países, assinou um acordo de colaboração para o cultivo de soja em Cuba, e se reuniu com seu colega Felipe Pérez Roque, além de visitar o presidente do Parlamento, Ricardo Alarcón.
Antes da visita do chanceler, as instituições bancárias dos dois países fixaram os termos dos créditos concedidos pelo Brasil. Segundo Amorim, os novos créditos -inicialmente de 150 milhões de dólares- "estão aumentando" e podem chegar a "600 milhões em vários anos". "O âmbito alimentar está muito bem, houve um aumento muito grande dos limites de crédito. Ao mesmo tempo, estamos trabalhando com créditos para produtos industriais e de serviços, maquinário agrícola, e também para a construção de estradas", disse.
"Creio que tudo isso estará pronto em duas ou três semanas", acrescentou. Pedro Alvárez, presidente do monopólio estatal cubano Alimport, disse que "as relações com o Brasil são excelentes". "Temos compras com o Brasil este ano próximas dos 250 milhões de dólares que incluem soja, farinha, azeite de soja, carne", afirmou. Fontes ligadas às conversações disseram que foram registrados avanços para que o Brasil se incorpore à busca de petróleo em águas cubanas do Golfo do México.