O presidente brasileiro do grupo Renault-Nissan, Carlos Ghosn, afirmou que o desenvolvimento de carros nas próximas décadas passará por "rupturas tecnológicas" para se adaptar ao petróleo mais caro e ao meio ambiente.
"O fato que ninguém mais acha que voltaremos a uma situação de energia que não seja cara e a tomada de consciência em matéria de meio ambiente das emissões de CO2 vão determinar rupturas tecnológicas", disse Ghosn, durante evento no Automóvel Clube da França sobre "O transporte individual em 2050".
Essas duas condições, segundo ele, impõem a chegada de veículos de emissão zero de CO2, como os carros elétricos e a tecnologia de bateria a combustível (que usa o hidrogênio). "Os primeiros têm previsão de dois a três anos, enquanto que a bateria a combustível, no horizonte de dez anos", afirmou Ghosn.
Nesse contexto, ele avaliou que a política trata a indústria automobilística de maneira seletiva em relação aos outros emissores de CO2, com regulamentações, enquanto que "setores inteiros de atividade fortemente emissores de CO2 não têm qualquer regulação".
Carlos Ghosn acredita ainda que as rupturas no setor de automóveis "vão trazer seu lote de consolidações", com o desaparecimento de fabricantes estabelecidos e a chegada de "novos construtores consolidados em seus mercados internos na China e na Índia".
Emergentes
Segundo o executivo, o desenvolvimento do mercado automobilístico ocorrerá "essencialmente nos países emergentes", sobretudo, na China, que "se transformará no principal mercado automobilístico do mundo", e na Índia, que será "equivalente ao mercado americano".
"Nos países emergentes, a primeira coisa que os consumidores querem comprar, a partir do momento que eles chegam a um certo nível de poder de compra, é o carro", disse Ghosn.
O número de automóveis no mundo será multiplicado quase por cinco até 2050, passando de 600 milhões para 2,9 bilhões, de acordo com estudo do FMI (Fundo Monetário Internacional), citado por Ghosn, dos quais "mais de 2 bilhões serão nos países emergentes".