A terceira greve de agricultores argentinos em quase 80 dias de rebelião fiscal foi iniciada nesta quarta-feira (28/05) com bloqueios no comércio interno de grãos e carnes, embora o país ainda mantenha seu desempenho de grande exportador de alimentos, informaram fontes empresariais.
No entanto, se as medidas de força forem mantidas por mais uma semana, o impacto no fornecimento ao exterior começará a ser sentido, disse à AFP uma fonte da Bolsa de Comércio de Rosário, um estratégico pólo exportador, 300 km ao norte de Buenos Aires.
"Estamos mantendo (a paralisação) da maneira menos dura possível, com uma manifestação de protesto sem prejudicar a sociedade", disse Hugo Biolcati, um dos líderes do maior movimento do campo na história do país, um importante produtor agrícola mundial.
A terceira medida de força foi tomada depois de um duro comunicado do Partido Justicialista (PJ, governo), que classificou o protesto de "ataque antidemocrático, 'lock out' selvagem e golpista".
No momento, "os embarques de exportações estão sendo cumpridos, mas com problemas, e em alguns casos de empresas multinacionais a carga é embarcada em outras origens como Brasil e Estados Unidos", disse à AFP Alberto Rodríguez, diretor do Centro de Exportadores de Cereais (CEC).
O conflito agrário se agravou e até segunda-feira agricultores ficarão mobilizados em cerca de 300 piquetes na região central, a mais rica do país, para impedir a passagem de caminhões com grãos e gado.
O bloqueio pode causar a escassez de carne de gado, muito apreciada em um país onde o consumo supera os 70 quilos anuais por pessoa.
A Argentina é um dos maiores fornecedores de alimentos e as exportações agrícolas e agroindustriais superam 50% de suas vendas externas totais.
"A Bolsa está paralisada. Não há comércio. E nos portos da região entraram apenas 500 caminhões nesta quarta-feira, contra uma média de 5.500 veículos por dia no mesmo período do ano passado", acrescentou a fonte comercial.