O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região informou nesta quinta-feira que temem demissões na Nossa Caixa com a possível compra da estatal paulista pelo Banco do Brasil. Os bancários pediram à direção do Banco do Brasil e aos deputados estaduais, numa eventual venda da Nossa Caixa para o Banco do Brasil, transparência no processo para evitar o clima de insegurança entre os funcionários.
O Banco do Brasil informou ontem que está negociando a compra da Nossa Caixa, que dependeria de aprovação da Assembléia Legislativa paulista. Valores não foram divulgados pelas estatais.
"Queremos estabelecer com a direção do Banco do Brasil negociações permanentes para garantir compromissos de que não haverá demissões, redução de direitos e nem fechamento de agências bancárias. Cobrar direitos e empregos é uma forma de garantir que o processo não seja prejudicial para os trabalhadores", afirmou Luiz Cláudio Marcolino, presidente do sindicato dos bancários.
Marcolino também informou que a categoria vai "exigir dos deputados que, na eventual venda da Nossa Caixa, seja considerada a preservação dos empregos". Para o dirigente a concentração do sistema financeiro é prejudicial aos funcionários e aos clientes. "A população acaba ficando refém das mesmas taxas e serviços praticados e a concorrência cada vez mais reduzida."
Privatização
O sindicato afirmou que já havia alertado para uma suposta tentativa, por parte do governo estadual, de privatizar as estatais paulistas, entre elas a Nossa Caixa. "Várias ações para enfraquecer o banco público vêm sendo tomadas sistematicamente", afirma o sindicato.
Segundo os bancários, após a criação das sete subsidiárias da Nossa Caixa, houve enfraquecimento do banco. "Talvez para justificar sua venda", afirma o sindicato. "As correções de depósitos judiciais e de poupança de clientes a título de ressarcimento de confiscos decretados por planos econômicos registraram um impacto grande nos lucros. Depois disso, os R$ 2 bilhões retirados pelo governador José Serra para a manutenção da folha de pagamento dos funcionários públicos de São Paulo foram o golpe fatal, já que a amortização do valor foi estabelecida em um prazo pequeno."
O governador de São Paulo, José Serra, fez questão de ressaltar ontem que "a declaração de intenção (de compra do banco Nossa Caixa) não significa negócio fechado".
"É o interesse do Banco do Brasil de comprar a Nossa Caixa. Isso vai depender do preço. O preço vai depender da avaliação. O que o governo fez foi autorizar que tenha conversação", explicou o governador, afirmando que a venda requer que "se chegue a um entendimento quanto à avaliação, o que não é fácil".
Funcionários
Segundo o sindicato, a Nossa Caixa conta com aproximadamente 15 mil funcionários no Estado de São Paulo, dos quais 6.000 mil na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. O banco paulista mantém cerca de 150 agências na capital paulista e outras 50 no Estado, duas em Minas Gerais, duas no Paraná, uma em Brasília, uma no Rio de Janeiro e uma em Campo Grande.
No Banco do Brasil trabalham aproximadamente 81.500 funcionários em todo o país, sendo 14.800 no Estado de São Paulo e 7.500 na base deste sindicato. Na capital paulista há cerca de 350 agências do banco federal.