Jornal Correio Braziliense

Economia

EUA estão mais perto do fim do que do início da crise, diz secretário do Tesouro

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O secretário norte-americano do Tesouro, Henry Paulson, considerou nesta sexta-feira (16/05) que a crise financeira em curso nos EUA (que tem em sua raiz a crise no setor imobiliário e que afetou os mercados financeiros nos últimos meses) está mais perto do fim que de seu começo. "Na minha opinião, estamos mais próximos do fim que do começo dos problemas financeiros", afirmou Paulson durante pronunciamento em Washington. "No futuro, espero que os mercados financeiros reajam menos às recentes perturbações e mais às condições econômicas em geral, sobretudo, à recuperação do setor imobiliário". Na avaliação do secretário, os mercados financeiros estão "consideravelmente mais calmos" do que há dois meses, e previu que a economia se recuperará no segundo semestre do ano. Paulson assinalou que a crise imobiliária ainda é o fator que mais prejudica o crescimento da economia americana, apesar dos riscos de recessão terem diminuído, devido aos cerca de US$ 100 bilhões que o governo repartirá entre os cidadãos dentro de seu pacote de medidas de estímulo econômico. "As medidas de estímulo fiscal servirão de apoio à economia enquanto passamos por um período de correção no mercado de imóveis, de turbulência nos mercados de capitais e um aumento nos preços da energia e os alimentos", disse. Sem recessão O secretário não mencionou em nenhum momento a palavra recessão, apesar de analistas e economistas considerarem que os Estados Unidos já estão imersos em uma. Paulson afirmou que as medidas fiscais impulsionadas pelo governo e que beneficiarão 130 milhões de lares americanos incentivarão o crescimento econômico do país no segundo semestre do ano. Os cheques que serão entregues pelo governo serão no valor de entre US$ 300 e US$ 1,2 mil para reativar o consumo. Essa medida e outras contribuirão para a criação de 500 mil novos empregos até o final do ano, segundo Paulson. "Embora ainda estejamos trabalhando para sair da crise imobiliária e financeira, e acreditarmos que vamos continuar assim durante algum tempo mais, também esperamos poder ver um ritmo de crescimento mais rápido antes do fim do ano", ressaltou Paulson. Na semana passada, Paulson afirmou que já passou o pior da turbulência financeira. "Acho, realmente, que o pior deve estar para trás", comentou Paulson, em entrevista publicada nesta terça-feira no site do diário financeiro americano "The Wall Street Journal". Ele admitiu, contudo, que "os solavancos" ainda são possíveis e que "ainda faltam mais alguns meses" para que a situação se estabilize, mas avaliou que "não há qualquer dúvida de que as coisas parecem, de longe, melhores hoje, em comparação a como estavam em março". FMI e Bernanke O FMI (Fundo Monetário Internacional) partilha da visão de que o pior momento da crise americana tenha passado, mas destaca que a turbulência deve persistir por vários trimestres. "Há boas razões para pensar que as instituições financeiras deram conhecimento sobre o essencial [dos prejuízos], sobretudo nos Estados Unidos (...) Portanto, o pior já passou", disse ontem o diretor-gerente do Fundo, Dominique Strauss-Kahn. "Porém, o principal problema é a relação entre a crise financeira e a economia real, e isto não passou", acrescentou. Ainda nesta semana, Strauss-Kahn também afirmou que a economia global deve permanecer na atual situação de desaceleração, sem sinais de recuperação antes de 2009. Na terça-feira (13), o presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Ben Bernanke, disse que as turbulências nos mercados financeiros dos últimos meses estão se normalizando, mas a situação ainda "está muito longe de ser normal". A atual crise financeira, que vem afetando a economia mundial, teve início no ano passado, quando o aumento da inadimplência nas hipotecas de risco (chamadas de "subprime") nos EUA acarretou prejuízos de bilhões de dólares a bancos no mundo todo, derrubando também os mercados de ações mundiais. A economia do país vem crescendo a um ritmo de 0,6% anualizado há dois trimestres.