O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que há uma disputa comercial por trás da recusa aos biocombustíveis. "Obviamente que as petrolíferas estão por trás disso e que os países não querem mudar suas matrizes", disse o presidente ao chegar a Lima (Peru), na noite desta quinta-feira (15/05), para participar da 5ª Cúpula de presidentes da América Latina, Caribe e União Européia.
"Se nao tivéssemos encontrado a camada pré-sal eles iriam dizer que o Brasil estava fazendo isso [produzindo biocombustível] por que não tinha petróleo. Agora, temos muito petróleo e queremos produzir muito biodiesel e levar tecnologia para outros países", defendeu.
Para o presidente, é preciso estar preparado porque o debate sobre os biocombustíveis está apenas começando. "Como o tema é novo, compreendo que as pessoas recusem. Você sabe que é muito difícil as pessoas aceitarem mudanças", completou.
Lula também falou que o Brasil participa da cúpula com o objetivo de aprofundar a discussão sobre os temas considerados importantes na reunião. "Temos a questão energética, climática e de alimentos que são três problemas que não podem estar separados. É um tema que todos os países do mundo tem interesse em discutir e o Brasil tem clareza na suas posições", defendeu.
A 5ª Cúpula América Latina, Caribe e União Européia segue até o dia 16 de maio. A reunião tem dois eixos centrais de discussão: Pobreza, Desigualdade e Inclusão e Desenvolvimento Sustentável: Mudanças Climáticas, Meio Ambiente e Energia.
Na segunda-feira (12/05), o presidente Lula "convocou" todos os brasileiros para o que classificou de uma "batalha" contra lobbys em países desenvolvidos que são desfavoráveis aos biocombustíveis. Para Lula, esses lobbys, por mais poderosos que sejam, não serão capazes de deter a produção desses derivados.
"Trata-se de uma extraordinária oportunidade. Mas para aproveitá-la, precisamos nos preparar. Temos de enfrentar preconceitos arraigados e lobbys poderosíssimos nos países desenvolvidos. Eles só serão vencidos com o intenso debate público, com a crescente organização dos mercados e com estímulo à participação de outras economias em desenvolvimento", disse, durante lançamento da nova política industrial.
Lula destacou que o mundo assiste ao "o começo do fim do crescimento global puxado pela demanda do consumidor norte-americano". "Cresce, em contrapartida, a importância das maiores economias dos países em desenvolvimento. Há indicações de que esses países serão responsáveis por metade da taxa de crescimento da economia mundial num futuro próximo".