Uma disputa política criou um impasse no concurso público do Senado. De um lado, está o grupo do diretor-geral da Casa, Agaciel Maia. De outro, a secretária-geral, Claudia Lira. Brigam pela distribuição das vagas e para não perder espaço. Maia preparou um documento de três páginas com a distribuição das vagas e coletou as assinaturas dos senadores integrantes da Mesa Diretora do Senado. Ele pretendia publicar o ato nesta quarta-feira (14/05) no boletim interno do Senado. Pressionado pelo grupo de Claudia Lira, o presidente da Casa, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), mandou suspender a publicação.
O assunto deve ser discutido na reunião da Mesa Diretora nesta quinta-feira (15/05). O documento, a que o Correio Braziliense teve acesso, destina apenas 25 postos de nível superior e 10 de nível médio para o processo legislativo, comandado por Claudia Lira. Há, por exemplo, 23 para substituir terceirizados na área de Comunicação Social, oito para advogados, oito destinadas à área de informática, dois para consultorias e 25 ao apoio técnico-administrativo.
Os grupos disputam espaço dentro da Casa. Cobiçam a responsabilidade por cuidar de novas vagas, contratos, e tudo o que gira longe dos holofotes do dia-a-dia dos senadores. É um jogo de interesses que passa pelos corredores e gabinetes.
Problema familiar
Há, por exemplo, até um imbróglio familiar nessa briga. Na comissão que cuidará do concurso, está o secretário de Compras e Contratações do Senado, Dimitrios Hadjinicolaou. Ele é genro de Claudia Lira, mas, dentro do Congresso, um aliado de Maia. No mês passado, Hadjinicolaou foi denunciado pelo Ministério Público Federal do Distrito Federal por improbidade administrativa. Ele é acusado de fazer parte de uma quadrilha que fraudava concorrências dentro do Senado para a contratação de empresas terceirizadas para mão-de-obra. Em 2006, a Polícia Federal fez uma operação para desbaratar o grupo. Passados dois anos, Hadjinicolaou agora faz parte de uma comissão para cuidar de um concurso que preencherá vagas hoje ocupadas por terceirizados.
Garibaldi nega qualquer atrito entre Claudia Lira e Agaciel Maia. Mas admite que pediu para o diretor não publicar o ato com a distribuição das vagas. ;Não há nenhum problema. Eu pedi para ele não publicar porque quero ler com calma isso, ver quantas vagas, por exemplo, vão para a Secretaria-Geral.;