O primeiro-ministro da Áustria, Alfred Gusembauer, defendeu a criação de uma organização mundial de comércio e finanças para regular as relações comerciais e financeiras internacionais. O mecanismo, segundo Gusembauer, daria mais tranqüilidade comunidade internacional.
A proposta foi apresentada durante almoço com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira (13/05), no Itamaraty. Uma sugestão semelhante havia sido apresentada pelo primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, em telefonema ao presidente Lula, em agosto do ano passado.
"Não é possível que alguns especuladores tenham enormes lucros e que as populações no mundo tenham que carregar as conseqüências de um colapso. Isso não é justo e não é sustentável do ponto de vista econômico", ponderou Gusembauer.
"O Brasil está bem armado para enfrentar a crise e é preciso se pensar para encontrar as causas dessa crise financeira, encontrar uma coordenação internacional para contorná-la.", completou, referindo-se atual crise do mercado financeiro desencadeada pela quebra do sistema de crédito imobiliário norte-americano.
Alimentos
Gusembauer disse que compartilha a preocupação brasileira e mundial com a inflação dos alimentos, e assegurou que o tema está sendo amplamente discutido em seu país. Ele defendeu a busca de soluções conjuntas, a partir de análises com bases científicas. Segundo o primeiro-ministro, é preciso evitar uma "bola de mobilizações emocionais ou de interesses comerciais".
O primeiro ministro austríaco também demonstrou apoio proposta internacional de taxação das transações financeiras para o desenvolvimento, e frisou o interesse do aprofundamento das relações comerciais com o Brasil.
"A América Latina tem um futuro promissor, e o Brasil terá papel preponderante como país líder", afirmou.
O Brasil é o principal parceiro comercial da Áustria na América do Sul e o principal destino de investimentos diretos austríacos na América Latina. De 2004 a 2006 esses investimentos chegaram a US$ 120 milhões. Há cerca de 80 empresas austríacas atuando no Brasil. O intercâmbio comercial entre os dois países praticamente dobrou em 2007, saltando de US$ 610 milhões (2006) para US$ 1 bilhão.