A aquisição de um eletrodoméstico exige cada vez mais contas dos consumidores. Não apenas por causa das infinitas possibilidades de financiamentos oferecidas pelo varejo, mas também pelas inúmeras informações contidas nos selos que acompanham as mercadorias. Ao adquirir um novo refrigerador, por exemplo, é fundamental saber quanto o equipamento vai consumir de energia elétrica. Essa análise pode ajudar o comprador a não cair em uma fria já que um equipamento eficiente pode sair, ao longo de 10 anos ; tempo de vida médio desses aparelhos ;, mais barato que um posicionado abaixo dele no ranking.
Um pequeno cálculo pode resultar em uma economia significativa no fim do mês. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) aponta uma alta de 157,83% no custo da energia elétrica de maio de 1998 a abril de 2008. Pela estimativa da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), existem 10 milhões de aparelhos com mais de 10 anos de uso no Brasil e, por isso, estão enquadrados na faixa mais alta de consumo de energia. Segundo a Whirlpool, fabricante das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, os refrigeradores produzidos hoje consomem 50% menos que há uma década. As lavadoras de roupas consomem 60% menos água que antigamente.
A servidora pública Gasparina Ferreira da Silva, 54 anos, está ansiosa para sentir no bolso a economia que fará em sua conta de luz graças à geladeira que se deu de presente de Dia das Mães. ;A minha antiga tinha 20 anos, por isso procurei opções dentro da faixa A de consumo;, conta. Ela se refere à etiqueta dada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) onde é especificado o consumo mensal do equipamento. A classificação é feita por comparação com aparelhos de mesmo tamanho e função e varia de A a E.
Os aparelhos mais eficientes dentro de sua categoria ganham um selo especial: o do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) ou do Programa Nacional da Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás Natural (Conpet). Os adesivos que indicam a faixa de consumo e os selos devem estar em local visível. Essa obrigação cabe apenas às lojas. Os sites, segundo o Procel, não são obrigados a colocar as informações nos eletrodomésticos.
Mesmo com os dados colados nos equipamentos, nem todos os consumidores se atentam a esses detalhes. A estudante Adriana Lima, 17, quer comprar uma lavadora de roupas e não se preocupa com o consumo de energia. ;Procuro ver se a prestação vai caber no meu orçamento, nunca me atentei para o gasto que o aparelho terá;, diz. Adriana está entre a maioria de consumidores que não se deixam influenciar pela eficiência energética do equipamento a ser comprado. ;De 100 clientes, dois perguntam sobre o consumo do produto. Nossos vendedores são orientados a dar essa informação, mas os consumidores querem saber de preço e design;, afirma Alessandro da Silva, gerente de uma das lojas Ricardo Eletro de Brasília.
Mais tecnologia
Os fabricantes não são obrigados a produzir eletrodomésticos dentro da menor faixa de consumo, mas, obviamente, quem opta por isso se posiciona melhor frente à concorrência. De acordo com o Procel, 53% dos refrigeradores de uma porta, 78,1% das geladeiras de duas portas e 78,4% das frost-free pertencem à faixa A de eficiência. ;Ganhamos em competitividade. Temos um consumidor cada vez mais exigente;, afirma Rodrigo de Azevedo, gerente-geral de estratégia e desenvolvimento de produtos da Whirpool. Segundo Leonardo Rocha, engenheiro do Inmetro, a intenção é incentivar as indústrias a desenvolverem aparelhos mais eficientes. Para isso, são estipulados limites máximos de consumo. Nos fogões, por exemplo, o que mais consome possui 52% de índice de eficiência energética. Bom para o bolso do consumidor e para o meio ambiente.