Jornal Correio Braziliense

Economia

Citigroup anuncia plano de recuperação

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O banco americano Citigroup, um dos mais afetados pela crise do subprime, planeja vender 20% de seus ativos (cerca de 400 bilhões de dólares) em dois ou três anos, em um amplo movimento de reorientação e redução de seu tamanho com o objetivo de voltar a operar com lucros. O anúncio foi realizado nesta sexta-feira por Vikram Pandit, presidente executivo que assumiu em dezembro, ao apresentar para a comunidade financeira a estratégia do banco, que viu evaporarem 45 bilhões de dólares em nove meses de crise, entre prejuízos e depreciações. O Citigroup tentará se desfazer de 400 bilhões de dólares em atividades não estratégicas "durante os próximos dois a três anos", após ter identificado cerca de 500 bilhões de ativos que poderiam sair do controle do grupo. Esta grande faxina, de uma amplitude sem precedentes no Citigroup, demonstra a vontade de Pandit, depois de cinco meses à frente da instituição, de reformar o modelo econômico do banco, que havia engordado em todas as direções nos últimos anos, a ponto de ser apelidado de "supermercado financeiro". "Tomamos decisões sobre os ativos que queremos conservar, levando em conta o maior valor possível para os acionistas", apontou Pandit, que já havia anunciado em abril sua intenção de reduzir os custos do banco em 20%. Segundo a imprensa, o banco deseja vender uma unidade de back-office bancária na Índia, sua filial de corretagem australiana Smith Barney e suas 340 agências na Alemanha, provavelmente para o Deutsche Bank. O Citigroup aunciou ainda que prevê alcançar em dois ou três anos um crescimento de 9% em seus lucros e um retorno de seus investimentos da ordem de 16 a 18%, contra lucros anuais de pelo menos 20 bilhões de dólares, o que permitiria que o grupo voltasse a seus níveis anteriores a 2007, ano negro para o banco. Na Bolsa de Nova York, os investidores reagiram moderadamente ao anúncio do Citigroup, e a ação do banco perdia 0,78% nesta sexta-feira, cotada a 24,12 dólares até as 16H50 GMT. A ação já caiu 16% desde o início do ano, e perdeu 55% em 12 meses. Estas não são as primeiras medidas de reestruturação anunciadas pelo banco nos últimos meses: desde novembro, o Citigroup já captou mais de 42 bilhões de dólares de diversos investidores, principalmente do Golfo e da Ásia, após ver-se obrigado a depreciar em mais de 35 bilhões de dólares seus ativos e contabilizar outros 9 bilhões em provisões por perdas. Além disso, o banco deve reduzir seu quadro de funcionários em todo o mundo, suprimindo 16.000 postos de trabalho no primeiro semestre, sobre um total de 370.000 até o fim de dezembro.