O governo deve criar um fundo soberano para financiar as atividades de empresas brasileiras no exterior. A informação é do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Segundo o ministro, a criação do fundo foi um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na última reunião que teve, no mês passado, com ministros da área econômica sobre a política industrial.
"Ele (o presidente) acha que isso pode servir como instrumento para financiar as novas atividades na América Latina, na África, em países onde as nossas empresas carecem de financiamento de apoio", relatou. De acordo com Paulo Bernardo, a proposta será fechada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, nos próximos dias.
Ele não revelou o montante de recursos que será usado para formar o fundo e negou que o objetivo da iniciativa seja conter a valorização do real, uma vez que esse tipo de instrumento é formado por moeda americana. "O fundo soberano é para montar uma estratégia de apoio à prestação de serviços, e à ampliação de atividade das nossas empresas, particularmente no exterior. É uma empresa que quer vender serviços, fazer incorporação de outras que poderá ser financiada através desse mecanismo", explicou Bernardo.
Para o ministro, o fundo não seria um instrumento suficiente para conter a desvalorização do dólar. "Não sei o tamanho (da desvalorização), mas acho difícil ter um instrumento único para conter a alta do dólar. Essa questão da desvalorização do dólar é um problema mundial", disse.
Questionado se o fundo seria rentável, uma vez que, em outros países, o objetivo desse instrumento é diversificar as aplicações para se ter mais retorno financeiro, Paulo Bernardo afirmou que "fazer financiamento para empresas pode ter um bom retorno."
"O critério não é só o quanto vamos ter de retorno. O governo quer apoiar as nossas empresas em suas atividades", esclareceu. Paulo Bernardo disse, ainda, que está em estudo a criação de uma subsidiária do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que poderia atuar com o fundo soberano. "Tem uma discussão dentro do BNDES de criar uma subsidiária, mas não tem uma decisão ainda. Pode perfeitamente trabalhar junto (com o fundo soberano), mas não é para isso (que será criada a subsidiária)".