Jornal Correio Braziliense

Economia

Juros futuros abrem em baixa com grau de investimento

;

O relatório do mercado de trabalho nos Estados Unidos divulgado na manhã desta sexta-feira (02/05) só vem reforçar o cenário para forte queda dos contratos de juros futuros na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM), cujos negócios já estavam fechados na quarta-feira (30/04), quando a Petrobras anunciou o reajuste para os preços de combustíveis. A combinação do anúncio da elevação da classificação do Brasil para grau de investimento pela Standard & Poor's (também na quarta-feira) com constatação de que o impacto do reajuste dos preços dos combustíveis sobre a inflação ao consumidor será muito pequeno, já era indicativo de queda expressiva nas taxas de juros, curtas e longas, na reabertura dos negócios na sessão desta sexta-feira. Além disso, o relatório de emprego nos EUA só veio ajudar a pavimentar o caminho do otimismo. No mês de abril, houve eliminação de 20 mil postos de trabalho nos EUA, ante previsão dos economistas de queda bem maior. A taxa de desemprego caiu a 5% no mês passado, ante previsão de 5,2%. Imediatamente os índices futuros de Nova York ampliaram suas altas, que eram discretas até a divulgação do dado. Na última sessão, depois do encerramento dos negócios, a Petrobras anunciou que os preços da gasolina serão elevados nas refinarias em 10% e os do diesel, em 15%, a partir desta sexta-feira. Ao mesmo tempo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico (Cide) será reduzida de R$ 0,28 por litro para R$ 0,18 por litro na gasolina, o que, segundo ele, significa que o consumidor não terá aumento na bomba. Para o diesel, a redução da Cide será de R$ 0,07 para R$ 0,03 por litro. Mantega afirmou que, no caso do diesel, a redução ainda fará com que haja um aumento na bomba de 8,8%. Ele informou que o impacto inflacionário do reajuste do diesel será de 0,015%. Os contratos de juros vinham elevando os prêmios desde a semana passada, em boa medida por causa das especulações em torno do reajuste nos preços dos combustíveis. Muitos investidores já estavam embutindo nos contratos de depósitos interfinanceiros (DIs) uma alta de 5% nos preços da gasolina na bomba. A indefinição dificultava a elaboração dos cenários para a inflação e havia o temor de que, se o governo demorasse muito para reajustar os preços, as pressões inflacionárias para 2009 seriam elevadas, o que exigiria um aperto ainda maior nos juros. Com essa medida, o governo corrige em parte a defasagem dos preços em relação ao mercado internacional sem pressionar a inflação, o que é o melhor dos mundos para o mercado. Na BM, o DI com vencimento em janeiro de 2010 caía de 13,67% ao ano na quarta-feira para 13,55% ao ano hoje. O DI com vencimento em janeiro de 2009 passava de 12,77% ao ano para 12,74% ao ano nesta sexta-feira.