Jornal Correio Braziliense

Economia

Confiança da indústria pode cair, diz FGV

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A confiança do setor industrial pode entrar nos próximos meses em estabilidade ou declínio, entrando no eixo cíclico comum aos ICI (Índice de Confiança da Indústria), disse nesta quarta-feira Aloísio Campelo Júnior, coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV (Fundação Getúlio Vargas). O ICI registou leve redução de 0,8% entre março e abril de 2008, ao passar de 121,6 para 120,6 pontos. Com ajuste sazonal, o ICI recuou, entre janeiro e abril, de 119,2 para 116,7 pontos. "Assim como na [confiança] do consumidor, há uma retração na indústria. Pode ser uma acomodação ou uma queda mesmo", disse Campelo. Segundo ele, isso ocorre porque a confiança está em patamares historicamente altos. "O cara pensa "já melhorou muito, não tem como melhorar mais´", explica. "Mas não há motivo para preocupação, porque estamos em uma situação bastante positiva, com os índices bastante altos." Sobre o Índice de Situação Atual (que recuou levemente de 125,1 para 123,5 pontos em abril), Campelo disse que o nível de demanda interna ajuda a manter o indicador em níveis altos. Esse indicador subiu em abril de 128 para 129 pontos. "É o segundo maior desde janeiro de 1987", aponta. "A alta nos alimentos ainda não bateu nisso." "Já o Índice de Expectativas [com uma queda mais acentuada no período, de 113,3 para 109,8 pontos] sugestiona que o empresário pense mais sobre o futuro, e ele já se pega nesta discussão sobre se vai melhorar mais ainda", disse o pesquisador. *Mais custos* Boa parte dessa deterioração da expectativa advém da alta dos custos prevista pelos industriais nos próximos meses. Para 34% deles haverá alta nos custos, enquanto que 4% esperam queda. Mas, para o pesquisador, isso não é tão grave porque está próximo da média histórica (33% esperando alta e 8%, baixa). "Caso eles não consigam repassar [a alta do custo], isso impacta negativamente porque reduz a perspectiva de lucro", explica Campelo. O setor que mais espera alta nos custos é o de metalurgia (78%). Esse mesmo setor é também o que puxa para cima a perspectiva de evolução dos preços para os consumidores. 74% das indústrias metalúrgicas esperam aumentar o preço no próximo trimestre. Para efeito de comparação, apenas 11% delas disseram a mesma coisa em janeiro deste ano. Na média da indústria, 39% disseram que devem elevar preços enquanto 6% esperam reduzir. Segundo Campelo, alguns fatores devem ajudar a evitar que o preço não "exploda" no próximo trimestre --como, por exemplo, a desaceleração econômica nos Estados Unidos e a alta na taxa básica de juros, a Selic, ocorrida há duas semanas.