O mercado de juros segue os demais segmentos de negócios e reduz um pouco o ritmo de negócios na manhã desta quarta-feira (30/04), no aguardo pela decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano) sobre o nível da taxa básica nos EUA. O anúncio do BC americano será feito às 15h15 (de Brasília).
As projeções das taxas de juros a partir dos contratos futuros de depósitos interfinanceiros (DIs) negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM) chegaram a subir nas negociações eletrônicas fechadas antes do pregão regular, mas inverteram a direção e apontavam trajetória de baixa - o que é considerado natural, depois de dias seguidos de taxas em alta.
Os prêmios dos contratos, no entanto, são considerados muito elevados e, mesmo com o recuo, mostram que o apetite por risco continua reduzido. O cenário de inflação doméstica é preocupante e, na opinião de operadores, vai demorar para ser revertido. Assim, a expectativa é de que os ajustes das taxas futuras de juros sejam modestos. "Os juros só vão cair de forma expressiva quando a inflação der sinais claros de alívio, o que não deve acontecer tão cedo", afirma um operador.
A razão para a piora de humor no mercado de juros esta semana está na percepção, consolidada no IGP-M de ontem, de que a alta de preço das matérias-primas (commodities) começa a pressionar os custos industriais de forma mais efetiva, o que deve começar a se refletir em breve nos preços ao consumidor.
Nesse cenário, também está incorporada a expectativa pelo reajuste dos combustíveis, aguardada para qualquer momento. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discutiu durante três horas a questão com os ministros Edison Lobão (Minas e Energia), Guido Mantega (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil), e com o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. Mas, por causa da preocupação com a disparada da inflação, o reajuste foi adiado.
Segundo fontes do Planalto, apesar da resistência inicial do presidente, o assunto será novamente levado a Lula nesta quarta-feira (30/04) e o aumento deve sair nos próximos dias. Para operadores, o mercado já incorporou uma alta de até 5% no preço da gasolina. Se o reajuste ficar nesse nível, os juros não devem reagir em alta.
Às 10h20 (de Brasília), na BM, o contrato de DI com vencimento em janeiro de 2010 projetava taxa de 13,81% ao ano, ante 13,85% desta terça-feira (29/04). O DI de janeiro de 2009 tinha taxa de 12,81%, de 12,82% desta terça.