O Federal Reserve americano (Fed) se prepara mais uma vez para cortar sua taxa de juros na quarta-feira, com o objetivo de afastar a recessão, mas os analistas prevêem que esta seria a última redução, devido à ameaça inflacionária.
O Comitê Federal do Mercado Aberto (FOMC) do Fed se reunirá na terça-feira, para no dia seguinte reexaminar o nível de sua taxa de juros, fixada atualmente em 2,25%. A decisão será anunciada na quarta-feira por volta das 18H15 GMT. Os mercados, no entanto, já têm sua opinião formada a respeito da decisão do banco central americano.
"O acontecimento chave da semana será a reunião do FOMC. Todo mundo aposta em um corte de 0,15 ponto percentual", afirmou Marc Pado, da Cantor Fitzgerald.
O Fed deve seguir a mesma lógica que resultou nas reduções anteriores da taxa de juros em três pontos percentuais desde o terceiro trimestre de 2007, estimando que o risco principal a ser combatido era a ameaça de recessão.
Entretanto, mesmo que a bolsa recupere o impulso depois da reunião de terça-feira, os últimos indicadores revelam que a saída para a crise está ainda em uma perspectiva distante para a economia.
O setor imobiliário continuam em franco marasmo, as vendas de bens duráveis caíram em março pelo terceiro mês consecutivo, e a moral dos consumidores sentiu o golpe: sua confiança caiu em março ao nível mais baixo em 26 anos, um péssimo sinal para o crescimento.
Além disso, a semana trará novidades pouco alentadoras em relação ao crescimento, que pode ser ainda pior, chegando a alcançar números negativos no primeiro trimestre.
"Dado que os números do crescimente serão publicadas seis horas antes do comunicado do FOMC, devemos esperar que o Fed baixe suas taxas", afirmou o economista independente Joel Naroff.
"No entanto, levando em conta o debate sobre os preços dos alimentos, o comitê pode justificar a possibilidade de uma avaliação equilibrada dos riscos, que por sua vez reflita os temores sobre a inflação e o crescimento, questionando futuras reduções", acrescentou.
A inflação é, de fato, a grande incógnita da equuação econômica atual.
O banco central americano aposta que a desaceleração terminará dissipando as tensões inflacionárias, mas esse cenário está demorando a se concretizar.
Os preços ao consumidor voltaram a cair em março, e a inflação anual chega agora a 4%. Há poucas chances de que a tendência seja invertida, quando a cotação do petróleo se aproxima dos 120 dólares o barril e a disparada dos preços dos alimentos ameaçam desatar uma crise mundial.