Jornal Correio Braziliense

Economia

Alemanha quer garantia da sustentabilidade do biocombustível brasileiro

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O ministro do Meio Ambiente da Alemanha, Sigmar Gabriel, anunciou nesta segunda-feira (28/04) que o seu país vai assinar em maio um acordo energético com o Brasil. A parceria vai estabelecer como deve ser feito o uso da biomassa para a produção de biocombustíveis. Em entrevista coletiva, Gabriel destacou que será uma oportunidade de o Brasil mostrar se produz de maneira sustentável. Segundo ele, se isso ficar comprovado, ;não haverá dificuldade para que a Alemanha e a Europa importem o etanol brasileiro;.A União Européia tem a meta de, até 2020, acrescentar 10% de combustíveis alternativos aos combustíveis fósseis. O ministro do Meio Ambiente alemão está no Brasil para saber como o país concilia o programa de biocombustíveis com a questão do desmatamento e da garantia da produção de alimentos. Gabriel esteve reunido durante toda a manhã com a ministra Marina Silva, que explicou o conjunto de ações desenvolvidas pelo governo federal para garantir a conciliação entre as áreas de agricultura e produção de combustível. "O governo alemão é um dos maiores doadores de recursos do Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7), que alavanca projetos pilotos como a construção da BR 163", destacou Marina. Entusiasta do programa brasileiro de produção de etanol, a Alemanha busca conciliar os investimentos energéticos com as recomendações das Organizações das Nações Unidas (ONU). "Estamos discutindo se fontes biológicas de combustíveis poderão concorrer com a produção de alimentos", afirmou Sigmar Gabriel. Avanço sobre a fronteira agrícola No início do ano, relatório da ONU sobre a alimentação fez um alerta sobre o avanço do biocombustível sobre a fronteira agrícola no mundo, colocando em risco a produção de alimento. Há duas semanas o relator especial da ONU para o Direito à Alimentação, Jean Ziegler, chegou a pedir a suspensão da produção de biocombustíveis, apontando como uma das causas da alta nos preços dos alimentos. Outro tema discutido com a delegação alemã foi a Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP 9) que passará a ser presidida nos próximo dois anos pela Alemanha, onde em maio será realizada a 9ª edição. O Brasil preside a conferência desde 2006. A agenda do ministro alemão incluiu visitas a Belém e Santarém, no Pará e termina na próxima sexta-feira, em São Paulo. A comitiva alemã está acompanhada de parlamentares daquele país, além de representantes de organizações não-governamentais.