Jornal Correio Braziliense

Economia

Vale não vai mudar estratégia em função da desvalorização do dólar

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A desvalorização do dólar americano frente ao real e ao dólar canadense impactou em US$ 481 milhões o resultado do balanço do 1° trimestre da Vale, mas a empresa não pretende alterar sua estratégia em relação à moeda americana. O diretor de relações com investidores da companhia, Roberto Castello Branco, disse que o atual cenário é causado por fatores de curto prazo, e descartou a possibilidade de negociar os produtos vendidos pela vale em outras moedas. "Não pretendemos mudar em nada a nossa estratégia. Entendemos que são fatores de curto prazo. O dólar tem se depreciado bastante e a conta corrente da balança de pagamentos americana tem reagido a isso. Grande parte das moedas do mundo se valorizaram em relação ao dólar, mas assim mesmo continuamos saudáveis", afirmou, em entrevista coletiva na qual detalhou os resultados da companhia. De janeiro a março, a Vale lucrou R$ 2,253 bilhões, 55,8% a menos do que o que fora constatado no primeiro trimestre de 2007. Na visão de Castello Branco, o dólar continua soberano como moeda internacional. O que ocorre, destacou, é uma "flutuação cíclica", em que o aumento significativo do déficit em conta corrente nos Estados Unidos gerou o enfraquecimento da moeda. "Essa é a beleza do funcionamento dos mercados. O dólar está se desvalorizando, vai ficar barato, e como costuma acontecer com moedas, vai acabar se valorizando depois. Não há nenhum plano de se mudar negociação de preços de produtos para outras moedas. Taxas de câmbios são bastante voláteis. Nossa estratégia não deve ser volátil", observou. O diretor comentou que a Vale mantém expectativa positiva em relação aos preços e ao consumo de produtos vendidos pela empresa, como cobre, níquel e minério de ferro, a despeito do cenário que aponta para um quadro de recessão nos Estados Unidos. Ele lembrou que o incremento da economia mundial vem sendo baseado no desenvolvimento dos países emergentes, e que a Vale acredita que o panorama será mantido. "Nos últimos anos, as economias emergentes foram responsáveis por 66% do crescimento mundial, e por 95% ou mais da expansão do consumo de cobre, níquel e minério de ferro. Não falo só da China, falo da Índia, do Leste Europeu e do sudeste da Ásia. Acreditamos que é um processo que não se encerra agora. As economias emergentes vão continuar a crescer", comentou. A necessidade de investimentos em infra-estrutura nesses países, que elevarão a demanda por minérios e metais, é um dos fatores que estão associados à previsão de continuidade de crescimento dos emergentes. Segundo Castello Branco, ao longo dos próximos dez anos, a estimativa é que esses países invistam, no mínimo, US$ 5 trilhões em infra-estrutura. Ele disse ainda que a Vale fez operações de hedge de parte da produção da empresa. A mineradora comprou contratos futuros de cerca de 50% da produção de alumínio para este ano, prevista em 550 mil toneladas, e 25% da produção de cobre, de 300 mil toneladas, além de 5% da produção de níquel. "O que vai acontecer no futuro vai depender da volatilidade desses produtos. Se eles caírem, vamos registrar um ganho contábil. Se subirem, vamos registrar uma perda. O objetivo disso é garantir um determinado fluxo de caixa", afirmou.